Diversos ciberataques nas últimas duas semanas podem ter espalhado vírus por centenas de milhares de computadores em todo o mundo, provando que é preciso muito mais do que bons softwares de segurança para estar de fato protegido na rede. Programas maliciosos, os chamados malware, estão cada vez mais sofisticados, num processo semelhante ao combate travado diariamente pelos cientistas em busca de vacinas contra vírus cada vez mais potentes. 

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No mundo da rede, a criminalidade se amplia, ultrapassando o velho conceito de hackers que conhecemos, se enquadrando numa indústria multimilionária – que atacou, por exemplo, os sistemas da sede da Telefônica em Madri, na Espanha, chegando a exigir, inclusive, o pagamento de resgate em bitcoins, o chamado “ouro digital”, a moeda virtual anônima, porém rastreável, segundo Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin.

De acordo com ele, muitas pessoas já preferem receber por serviços em bitcoins, pois ele é mais rápido e barato para transacionar. A moeda vem sendo regulamentada aos poucos: Alemanha e Japão já têm regulações que liberam seu uso no dia a dia, e nos Estados Unidos e Europa algumas empresas, como Dell e Microsoft, aceitam os bitcoins, além de ONGs como Greenpeace e Wikipedia. No Brasil, seu uso ainda é mais restrito.

A especialista em marketing digital Sandra Turchi afirma que bitcoin é um modelo de livre mercado descentralizado, sem interferência de governos, que está sujeito a problemas como roubos e até brusca desvalorização – ligado à especulação, por exemplo. Ela alerta para o fato de que se trata, ainda, de um investimento de retorno financeiro incerto, apesar de sua eficiência como dinheiro real em transações eletrônicas.

Wolmer Godoi, diretor de cibersecurity da Cipher, empresa especializada em serviços de cibersegurança, afirma que há uma soma de fatores para que os ataques de cibercriminosos aconteçam com uma frequência cada vez maior, entre eles o fato de que a vida das pessoas e os negócios estão cada vez mais digitais.

“Uma vez online, as informações podem ser acessadas se não forem protegidas corretamente. Os ataques são comuns e ainda vão crescer muito mais”, analisa Godoi.

Segundo ele, não há nenhuma lei regulamentada no Brasil para tratar de falhas cibernéticas, o que nos leva a tomar conhecimento de um menor número de ataques.

“É da natureza humana a curiosidade, o apreço pelo desafio e até a vontade (mesmo que velada) de subverter. Isto posto, não devemos assumir que o cibercrime vá diminuir, ele tende a aumentar”, garante. Para Godoi, o erro mais comum das empresas é tentar gerenciar segurança sem o conhecimento técnico necessário. “Combater ameaças digitais é algo dinâmico por natureza, porque o cenário de ameaças evolui e se transforma a todo tempo”, conclui.

O primeiro passo para melhorar a segurança de pequenos ou grandes negócios é, segundo Godoi, desconfiar sempre, de tudo e de outros. “Os criminosos estão se especializando cada vez mais em engenharia social, um recurso que tenta levar o usuário a clicar em um link malicioso sem saber, pensando ser algo legítimo. Confira URLs, confirme e-mails recebidos suspeitos, não clique em anúncios ‘milagrosos’”, recomenda.