Alê Oliveira

O diretor de cinema Camilo Tavares,  filho do jornalista Flávio Tavares, ex-editorialista do jornal O Estado de S. Paulo, banido pelo regime militar, foi o responsável pela direção do filme “Estranhos na Noite” (em alusão à música “Strangers in the Night”, de Frank Sinatra), que estreia neste sábado (20), no Memorial da Resistência, em São Paulo. Com roteiro de José Maria Mayrink, a obra revisita o dia 13 de dezembro de 1968, uma sexta-feira em que a redação do Estadão, então no centro da cidade, foi invadida por policiais na tentativa de apreender os jornais que seriam expedidos naquele dia – o mesmo em que o governo militar decretava o Ato Institucional nº 5, o AI-5. , que acabava com a liberdade de imprensa.

Na ocasião, o Estadão era alvo por ter publicado o editorial “Instituições em Frangalhos”, criticando o presidente marechal Costa e Silva (1899-1969), e assinado pelo diretor do jornal, Julio de Mesquita Filho (1892-1969). O texto, assim como toda aquela edição, foi censurado e não circulou. Depois disso, o Estadão ainda foi submetido à censura por quase três anos.

Além de ter sido contada em detalhes no filme que estreia, a história foi lembrada na noite desta quarta-feira (17), em evento promovido pelo Estadão, onde edições do jornal daquele dia 13 de dezembro de 1968 foram distribuídas para o público, sob  a tarja “Censurada – Esta edição do Estado não chegou aos leitores.”