Levi Ceregato: expectativa de crescimento zeroA indústria gráfica deve fechar o ano de 2014 com uma queda de 1,7% na produção, segundo a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica). “Neste ano, houve dois eventos que apostamos que seriam alavancadores. Na Copa, ficamos frustrados porque aquilo que nós ganhamos em venda ligada ao evento, perdemos porque o mercado desaqueceu. Nas eleições, alguns Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste tiveram crescimento de até 5%, mas no Sul e no Sudeste não houve crescimento porque o eletrônico avançou”, explicou Levi Ceregato, presidente da Abigraf Nacional.

O resultado só não foi pior porque as empresas de embalagens, que representam 40% do setor, apresentaram um leve crescimento. Além disso, a diferença entre os Estados tem garantido um maior equilíbrio.

O crescimento no terceiro trimestre de 2014 foi de 7,5%, em relação ao trimestre anterior, descontado o padrão sazonal. Em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento no período foi de 6,9%.

A indústria gráfica deve fechar o ano com investimentos de US$ 908 milhões em máquinas e equipamentos, o que representa uma queda de 16% em comparação a 2013. O setor teve diminuição das vagas de emprego formal. Os 216.253 postos ocupados em outubro de 2014 representam queda acumulada de 0,9% em relação ao ano anterior.

Para 2015, as perspectivas também não são boas e a entidade tem previsão de retração de 1,1% na produção, mas o presidente da entidade mantém o otimismo. “Trabalhamos com a expectativa de crescimento zero, que não é crescimento na verdade. Queria também corrupção zero, falcatrua zero”, observou Ceregato.

Apesar dos números não serem muito animadores, o setor ainda tem espaço para crescer no Brasil. “Há grandes oportunidades de crescimento, principalmente por causa da educação”, explicou Ceregato.

Os empresários do setor se mostram insatisfeitos com a atual política econômica do país e se disseram prejudicados. “Cabe fazer um desabafo. Hoje o empresário se vê às voltas com uma série de problemas, incluindo legislação e o sistema tributário”, falou Ceregato. “Nossa economista comparou a economia a um elevador lotado, no qual o setor privado é o faquir, e o setor público é o obeso que se recusa a fazer uma dieta e espreme o faquir”, comparou Fabio Mortara, presidente do Sindigraf-SP (Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo).

A implementação da NR (norma regulamentadora) 12 também foi criticada pelos representantes do setor. “Nós temos de juntar forças para lutar contra o governo. Temos que cuidar dos funcionários, mas não é de um dia para o outro que conseguiremos trocar todos os equipamentos”, disse Sidney Anversa Victor, presidente da Abigraf Regional São Paulo.

O Brasil tem 20 mil gráficas, além de 3 mil a 4 mil empresas no mercado informal. O setor emprega 220 mil pessoas e tem cerca de 60 mil empresários, uma média de três sócios por gráfica. A maioria das empresas são micro e pequenas, com até cinco funcionários e familiares.