Durante o El Ojo de Iberoamérica, que está sendo realizado em Buenos Aires, na Argentina, um pequeno detalhe chamou a atenção apenas dos mais atentos na coletiva de imprensa da quinta-feira (5), que reuniu os presidentes de júri das categorias que anunciaram seus vencedores na ocasião. Dos oito presidentes de júri que estavam na sala, havia apenas uma mulher, a espanhola Eva Santos, da agência Proximity, da Espanha, que inclusive é a única mulheres entre os presidentes de júri das 22 categorias do festival – ela liderou os jurados de Interativo.

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O detalhe passou despercebido no momento, mas entrou em pauta nesta sexta-feira (6) e foi lançado à luz pela própria Eva durante sua palestra “O bom é inimigo do genial”. Entre a apresentação de exemplos considerados grandes cases da comunicação global, a criativa espanhola pontuou: “como podemos dizer que a indústria publicitária é moderna se, na verdade, é um ambiente altamente discriminatório. Apenas 3% dos diretores de criação são mulheres. E este número não está relacionado a somente um ou outro país. Estou me referindo aos grandes mercados”, disse. A plateia aplaudiu, sobretudo o grande número de mulheres.

Após a conferência, Eva argumentou que é preciso tocar em certas feridas e que o cenário não é culpa exclusiva dos homens ou das mulheres, mas sim da sociedade. Para ela, uma das soluções é dar mais espaços para que os criativos do mercado deem aulas nos cursos de publicidade. “Eu sou professora e vejo muitas garotas nas salas de aula, mas elas acabam não indo para o lado da criação. Se houver mais professoras que ensinem disciplinas de criação nas universidades, isso pode inspirar mais mulheres a se interessarem pela área”, opinou.