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Confesso que sempre tive uma admiração pelo publicitário Nizan Guanaes, com certeza, ao lado de outros grandes nomes do nosso mercado, é um dos responsáveis pela demissão do engenheiro que um dia habitou este corpo. Nizan sempre nos surpreendeu pela sua capacidade de antever o futuro, começou criando campanhas brilhantes e passou a criar tendências. Investiu na indústria dos festivais, abandonou a indústria dos festivais (quem não se lembra do ano sabático?), migrou para o ON, promoveu passeatas de cachorro, voltou para o OFF. Foi local, virou global. Enfim, Nizan é um desses eternos inconformados. Recentemente, com o intuito de levantar o moral da tropa, compartilhou com a galera, no Facebook, um vídeo convidando todos a montar já as suas árvores de Natal.

 Cá entre nós, a ideia é boa. Se as montadoras lançam os carros em junho com o modelo do ano seguinte, qual o problema de antecipar o Natal e, com ele, a renovação dos votos e esperanças de um ano melhor? Confesso que ainda não montamos a nossa aqui na agência, mas resolvi fazer um exercício e construir a minha árvore imaginária. Comecei devagarzinho, e, passo a passo, lá estava ela: grande, frondosa, de um verde intenso e escuro que só encontramos em pinheiros naturais. Minha árvore ficou linda. Bolas brancas com detalhes dourados, salpicada de neve e com luzes coloridas (meus filhos adoram luzes coloridas).

No topo, uma estrela dourada, com alguns rococós, afinal é Natal, e podem me chamar de cafona, não ligo. Cupidos e bonecos de neve preencheriam os espaços vazios e seriam os responsáveis pela guarda de todos os sonhos e esperanças depositados na minha árvore. Tudo estava indo bem, o Nizan cumpriu a sua missão: a visão da minha árvore de Natal de fato me confortou. Foi quando me deparei com o que considero o maior desafio até aqui: o que pedir de presente? Se a árvore imaginária tem o poder de renovar as nossas esperanças, os presentes traduzem os nossos anseios e desejos. E, já que estamos aqui montando árvores de Natal em junho, convido a todos a pensar no que irão pedir para o bom velhinho. Descobri que, assim como no livro ‘As Cidades Invisíveis’, de Italo Calvino, na minha árvore cabem muitos presentes. Presentes profissionais, pessoais e até mundiais, por que não? Desde que seja só um pedido para cada EU, acho que o Papai Noel não se importaria.

Mesmo com a possibilidade de escrever algumas cartinhas, a tarefa não é nada fácil. Fiz uma lista completa, mas vou discorrer aqui somente sobre o pedido do publicitário. Afinal, o que pedir de presente diante desse cenário em que estamos vivendo? Como fazer do ano que vai nascer, um ano melhor? Quebrei a cabeça e pensei até em desistir dessa viagem maluca. Deu vontade de pedir uma Montblanc e encerrar a fatura, mas não seria uma caneta que iria resolver a situação que se apresenta.

Além da crise econômica, o nosso mercado vive um momento de ruptura. São novos meios, novas mídias, novas regras. Os publicitários são os taxistas da vez, e as agências, as cooperativas. Seja lá qual for o presente, ele precisava ser bom e à altura do desafio. Foi um parto de cócoras, mas eu escolhi: quero disposição! Disposição para continuar aprendendo, disposição para motivar minha equipe e todos aqueles que apostam em mim, disposição para acompanhar as mudanças e as novidades que chegam num ritmo cada vez mais frenético. Quero disposição para chegar em casa e ainda ter disposição para brincar com meus filhos. É isso que eu quero, o resto pode deixar comigo! Feito: montei a minha árvore e já escolhi o presente. A sensação é reconfortante. Enfim, essa é a minha árvore e esta é a minha cartinha.

 Sugiro que você se dê esse tempo. Largue um pouquinho o grupo do WhatsApp, monte a sua árvore, faça seu pedido e tenha um feliz 2016. Ainda dá tempo.

Paulo Henrique Gomes (PH) é sócio e vice-presidente de criação da Mood