Mais do que fazer um balanço dos dias que ficaram para trás, o fim do ano é a época na qual todos começam a listar as promessas e os planos para encarar o próximo ciclo. No mercado, o olhar está voltado para o que é tendência. Mas, afinal, o que vai estar nas rodas de conversa em 2016? Para responder à pergunta, a J.Walter Thompson lançou mais uma edição do The Future 100 – Trends and Change to Watch in 2016, um estudo global conduzido, desde 2010, pelo Innovation Group JWT – uma célula de futurismo da agência sediada em Nova York – que aponta dez macrotendências para o próximo ano, com dez exemplos de cada uma.

“O objetivo do estudo é poder fazer um mapeamento daquilo que começaremos a ver acontecer na sociedade no próximo ano e antecipar alguns movimentos para nossos clientes, seja do ponto de vista de comunicação, seja do ponto de vista de desenvolvimento de produtos e inovação. Mostramos as principais tendências mundiais em diversas categorias de produtos, serviços e comportamento”, diz Isabella Mulholland, head of planning da J.Walter Thompson Brasil. “Um grupo pequeno de planners do mundo todo contribui com levantamento de tendências locais e, então, o estudo é aprimorado com desk research e entrevistas em profundidade com especialistas”, acrescenta a executiva.

Dividido em cultura, tecnologia e inovação, viagem, marcas e marketing, comida e bebida, beleza, varejo, saúde, estilo de vida e luxo, o estudo passeia por questões já bastante discutidas ao longo deste ano, como o novo perfil da mulher e formas de comunicar com esse público, inclusive a cachaça, que deverá ser a menina dos olhos entre as bebidas, muito em razão da Rio 2016.

No material, a cachaça é descrita como uma bebida barata no Brasil e, até então, pouco conhecida em outras partes do mundo – ao mesmo tempo em que a desvalorização do real diante de outras moedas teria ajudado a bebida a ser exportada. Por aqui, os fabricantes passam a investir em versões premium da cachaça, à espera dos visitantes internacionais que chegam ao país no próximo ano. Segundo o estudo, é bom ficar de olho também em outros ingredientes da culinária brasileira.

Falar de comida e bebida, aliás, é uma tendência bastante destacada no estudo. Hoje comer e beber é assunto relevante, não apenas do ponto de vista cultural e da experiência gastronômica, mas também para quem busca hábitos para ter uma vida mais saudável e se preocupa com a produção sustentável para suprir a população que cresce.

Outra tendência apontada pelo estudo é o uso do Instagram como plataforma para contar histórias, de forma que imagem e texto possam coexistir – são as chamadas instastories. Atualmente, o Instagram tem uma base de 400 milhões de usuário – só no Brasil, segundo país para a rede social, são 29 milhões de pessoas ativas todos os meses. Apesar do número surpreendente, fazer propaganda na rede ainda é algo novo – no Brasil, por exemplo, somente este ano a plataforma permitiu a veiculação de anúncios – e as marcas têm como desafio produzir conteúdo nativo e relevante.

A produção de conteúdo relevante surge como algo importante também porque o bloqueio a anúncios no meio digital cresce. Segundo informações do estudo, ferramentas de ad blocking cresceram globalmente 41% no ano e 48% só nos Estados Unidos, resultando em 198 milhões de ad blockers ativos. Diante do cenário, marcas terão de trabalhar cada vez mais de forma transparente para superar esse desafio.

O relatório aborda ainda a necessidade de um olhar mais atento para a geração Z, formada por jovens muito mais conscientes e empáticos, além de mais conectados e adeptos às redes sociais. É no ambiente digital, inclusive, que estão os ídolos e influenciadores desta parte da população – como youtubers e a vencedora do Nobel da Paz, Malala Yousafzai, que no estudo da JWT aparece à frente da cantora Beyoncé como ícone da geração Z.

E por falar em empatia, a palavra (sua importância, seus benefícios e virtudes) é a buzzword para 2016. As marcas que se colocarem no lugar do outro, dando mais valor à experiência do consumidor e também às diversidades, serão melhores vistas.

“Acredito que a indústria da comunicação como um todo deve estar atenta ao fato de que estamos vivendo um momento no qual controle e planejamento devem ser feitos quase real time. Muito do conteúdo produzido pelas marcas está vindo de consumidores, muitas das críticas idem. Os anunciantes devem estar dispostos a, cada vez mais, deixar a sua marca nas mãos das pessoas e viver em um estado constante de beta mode e transformação. O diálogo é absolutamente necessário e é isso que vai enriquecer o contato das pessoas com as marcas”, diz Isabella.

Entre vários outros aspectos também abordados, o estudo aponta, por fim, olhares para novas culturas. O mesmo Brasil que iniciou o texto sendo tendência começa a perder atenção no mercado de luxo, assim como os demais países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), para economias que estão para explodir. Marcas devem ficar atentas à cultura de dez destinos: Peru, Colômbia, Etiópia, Zâmbia, Quênia, Tanzânia, Bangladesh, Filipinas, Sri Lanka e Indonésia.