Pela segunda vez, Keka Morelle participará do júri de Outdoor  no Cannes Lions – a primeira foi em 2006. A diretora-executiva de criação da AlmapBBDO avalia que a categoria hoje é muito abrangente e inclui muitas maneiras da marca se manifestar. “O que acho incrível hoje nessa categoria é o fato de ela ser a integração entre o físico e o online, e de ter um potencial de transformação social importante, citando aqui a Fearless Girl como o exemplo máximo disso”. Keka conta que viu materiais incríveis na fase de julgamento online, inclusive brasileiros, que acredita serem grandes candidatos. Para ela, o Brasil se destaca muito pela criatividade com o uso de tecnologia nesse meio.

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APRENDIZADO
Ser jurada é uma grande oportunidade de aprendizado. Aprendemos muito com as discussões, o acesso aos trabalhos do mundo inteiro e a oportunidade de expor o seu critério e o seu ponto de vista sobre a categoria e as peças.

CONTRIBUIÇÃO
Em Cannes, espero contribuir com meu critério, meu olhar feminino e toda a minha bagagem cultural. Os festivais estão sendo muito mais inclusivos, respeitando mais a diversidade cultural. Acho que não será diferente em Cannes.

ANTES DO FESTIVAL
A preparação pré-Cannes é superintensa: além do julgamento online, que toma muitas horas do dia, estou tendo o cuidado de conhecer os trabalhos brasileiros que estarão concorrendo. Na fase de julgamento online, não encontrei muitos trabalhos brasileiros no caminho, espero encontrá-los no shortlist.

PREJULGAMENTO
Nesta fase de prejulgamento online, foram cerca de 500 trabalhos que passaram pela minha avaliação.

INTEGRAÇÃO
Outdoor hoje é uma categoria muito abrangente. Uma categoria que inclui muitas maneiras de a marca se manifestar: de um pôster a um evento. De uma ação no ponto de venda a uma peça de OOH que interage com seu celular, por exemplo. O que acho incrível hoje nessa categoria é o fato de ela ser a integração entre o físico e o online, da mensagem que pode ser individual ou coletiva e de ter um potencial de transformação social importante, citando aqui a Fearless Girl como o exemplo máximo disso. O poder instagramável dessa mídia é poderoso e vem sendo muito bem usado por algumas marcas. Por outro lado, toda intervenção de uma marca no espaço público deve ser feita com responsabilidade. Começando pelo cuidado estético. Uma mídia que tem o poder de ser parte visual de uma cidade precisa ter respeito. É inadmissível uma marca invadir as ruas com mensagens que acabam criando poluição visual.

APOSTAS
Vi materiais incríveis na fase de julgamento online e trabalhos brasileiros que gosto muito e acredito serem grandes candidatos.

CASES
Para mim, a campanha da Apple de OOH para vender a câmera fotográfica do iPhone é atemporal e incrível. Com uma ideia simples e muito criativa, a Apple transformou o espaço público em uma exposição fotográfica. Com uma curadoria impecável, a cada campanha, features diferentes da câmera eram apresentados. Ela transformou o espaço público, trouxe beleza para as ruas e fez uma comunicação em forma de conteúdo. Quanto aos cases brasileiros, citaria a ideia da Nissan, Segue o Jogo, que usou as placas do estádio. Uma ideia que une criatividade e tecnologia. E as campanhas de Havaianas, que transformam todas as vitrines e o ponto de venda em uma verdadeira galeria de arte. Entregar mais beleza visual para o consumidor é um grande serviço que uma marca pode fazer. E claro, o Grand Prix do ano passado de Print, Tagwords, de Bud, é outro exemplo de inovação na mídia. O que mais gosto desta ideia é a integração perfeita do digital com o mundo físico.

BRASIL
Sempre fomos exemplares no craft visual e estamos nos destacando muito pela criatividade com o uso de tecnologia nesse meio. Acredito que as boas ideias que usam esse canal têm um potencial enorme de compartilhamento, com verbas que não necessariamente precisam ser enormes. Uma pequena ação pode ser criada para apresentar um conceito da marca com a repercussão feita pelo digital ou por PR. Muitas estratégias podem ser usadas aqui para amplificar a mensagem.