Entre os assuntos mais discutidos, nesse ano de 2017, está o Fake News ou a informação falsa. No primeiro semestre do ano, vários ciclos de debates foram formados, a maioria por universidades e veículos renomados, para discutir e disseminar o tema. Não são ruins essas discussões, pelo contrário, toda informação que leva a discussão gera aprendizado, porém isso é realmente novo? Inventar informações, propagar esse dado falso e colher o “fruto” disso, é algo que acontece o tempo todo durante anos.

Em 1987, Oliver Stone, diretor premiado, rodou o filme “Wall Street – Poder e Cobiça”. Em 2010, o mesmo Oliver, rodou o segundo longa metragem sobre “Wall Street – O dinheiro nunca dorme”. O que eles têm em comum? A mesma moral dúbia e que visa apenas uma coisa: ganhar dinheiro. Ambos mostram que por meio de especulações econômicas, ou seja, interpretações irreais dos fatos, banqueiros e financistas faturaram. E muito!

Então, vamos lá! Plantar uma informação falsa para ganhar dinheiro ou favorecer um político não é algo novo. O que é revolucionário são as pessoas espantadas com isso. É um ciclo. Quando o personagem de Michael Douglas chamado Gordon Gekko, volta às telas em 2000, ele não sabia o que esperar. No entanto, ele não se surpreende, pois se depara com jovens que mantiveram a sua mesma moral. E o melhor, com uma nova “arma” para disseminar essas “fakes news”: a internet.

Logo, não é a tecnologia que é culpada pela disseminação rápida de fatos distorcidos, são as pessoas que a usam. Até aí isso parece algo lógico. Então vamos para o intangível. De acordo com a pesquisadora Elisabeth Noelle – Neumann existe uma teoria chamada Espiral do Silêncio (é importante ressaltar que ela formulou em 1977), que consiste em indivíduos que não concordam com a opinião pública, afirmada pela maioria, mas finge fazê-los pelo medo do isolamento/zombaria. Mas desde 77 até 2017 isso ainda acontece e com mais frequência do que deveria.

Estamos na era da polarização. Opiniões políticas, econômicas, sociais e até mesmo culturais, estão divididas em dois polos. Os que gostam de rock, os que gostam de funk, os que gostam de pão, os que detestam glúten, etc. Todos buscam um grupo, ou melhor, uma opinião pública majoritária, e se juntam a essa “comunidade” a qual se identificam. Será que no meio dos funkeiros e rockeiros, não estão axezeiros? As Fake News conseguem justamente isso: intensificar as rivalidades, aumentar o ódio, e transformar grupos em apenas grupos não sinérgicos a outras opiniões.

Outro gatilho que contribui para a era dos dois lados é o polêmico algoritmo de bolha do facebook: ano passado a rede social implantou um algoritmo que teoricamente filtra a timeline do usuário mostrando somente assunto que tem “fit” com os seus gostos e cada vez limitando mais o espectro de interesses e “novidades”.

Devemos combater as fake news? Ou devemos nos tornar pessoas melhores?

Deixo esses questionamentos para reflexão. Ah: vocês viram o Temer renunciou ? Saiu naquele jornal, e naquele portal, e naquele… bom, vale fazer uma pesquisa!

Ricardo Martins, Diretor de Inovação na ABlab, startup de marketing digital