A indústria da comunicação movimentou mais de R$ 120 bilhões em 2010, representando aproximadamente 3,15% do PIB daquele ano. A TV aberta, as operadoras de TV a cabo, a publicidade e as editoras e impressoras de jornais, livros e revistas, juntas, respondem por mais da metade dessa receita. Os dados, que têm como base uma união de pesquisas de comércio e serviços conduzidas e auditadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), foram apresentados na sexta-feira (18), durante a reunião nacional da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade).

O relatório “A indústria da comunicação no Brasil” considera todos os setores – incluindo publicidade, TV, internet e mídia impressa, entre outros – e revela dados sobre receita, impostos arrecadados, quantas empresas atuam em cada área, qual o total de salários pagos e quantos são os empregados de cada uma. As informações, apesar de referentes a 2010, são as mais recentes divulgadas pelo IBGE.

As programadoras de televisão aberta foram o setor responsável pela maior receita da indústria, com R$ 21,5 bilhões. O montante representa 17,8% do total, que é de R$ 120,4 bilhões, sendo R$ 14,7 bilhões deduzidos de impostos. As empresas que editam e imprimem livros, jornais e revistas movimentaram 15,6% da receita (R$ 18,8 bilhões), enquanto a publicidade representa 11,5% (13,9 bilhões).

O relatório, porém, não discrimina a receita de agências e outras empresas ligadas à publicidade, como explica Marcelo Diniz, assessor da Abap. “A agência é um subitem de uma classificação maior, que é a publicidade. Tem serviço de alto-falante, marketing direto, promoção: tudo isso está dentro desse item maior, que é atividade publicitária. Como esses subitens são muito pequenos, o IBGE agrega as informações”, diz. O documento, que foi entregue às associadas da Abap e em breve estará disponível no site da instituição, esclarece que a categoria inclui “agências, empresas de outdoor e mídia exterior, criação de estandes, promoção de vendas, marketing direto, consultoria em publicidade, propaganda aérea e serviços de alto-falante”.

Empresas e pessoal

Se em receita a publicidade está em quarto lugar, atrás também das operadoras de TV paga, a categoria se destaca no número de empresas atuantes. Em 2010, eram 13.863 companhias no setor. À frente está apenas a categoria internet, que inclui portais, websites, buscadores e hospedagem, com 14.350 empresas. No total, são quase 86 mil as empresas que compõem a indústria da comunicação brasileira.

Apesar de não liderar no número de empresas, a publicidade é a categoria que mais emprega. Ao todo, são mais de 98 mil pessoas trabalhando no setor, ou cerca de 15,3% dos mais de 640 mil que trabalham com comunicação. Nas editoras e impressoras de livros, jornais e revistas são 94 mil empregados, enquanto a internet emprega 89 mil.

Comparação

Os dados presentes no relatório têm como origem os balanços de 2010 das empresas consideradas, fechados normalmente no primeiro semestre de 2011. O IBGE, então, coletou os dados e, junto à Abap, desenvolveu a tabulação com os dados da indústria. Diniz, porém, alerta que não é possível comparar os números atuais com o balanço anterior, datado de 2008. Um dos motivos para isso é a mudança da metodologia das pesquisas adotada pelo IBGE. O novo manual, que foi adequado segundo padrões adotados internacionalmente, detalha as atividades da indústria da comunicação, o que faz com que dados considerados anteriormente não façam parte do relatório atual.

Um dos exemplos é a exclusão do setor do telemarketing. “O telemarketing é muito grande. Os números são imensos e distorciam o estudo”, afirma Diniz. O assessor da Abap também lembra que clubes recreativos foram deixados de lado no novo relatório. “Consideramos só os clubes esportivos, porque esses sim têm boa parte de sua receita oriunda da propaganda”, conclui. A nova metodologia será usada para os próximos relatórios, que devem ser publicados anualmente.