O evento Sustainable Brands, que se encerra nesta quinta-feira no Rio de Janeiro, reuniu mais de 150 marcas e cerca de 550 pessoas em torno de discussões sobre economia circular, visão de negócios conectada à estratégias de sustentabiidade e compromisso com a geração de benefícios para a sociedade, entre muitos outros aspectos do que devem ser as principais. questões das marcas a partir de hoje e no futuro.

Álvaro Almeida, sócio-diretor da Report, empresa organizadora do evento, diz que hoje as ações das marcas são muito mais importantes do que seu discurso.

“As pessoas impactadas pelas ações de uma empresa são as que falam, e falam entre si. O poder saiu do emissor e passou para o receptor. O nome do evento é Sustainable Brands porque a gente acredita que as marcas têm o poder de engajar as pessoas. Se as marcas fizerem as coisas certas, podemos mudar o mundo dos negócios. Eu acredito que não necessariamente as grandes marcas virão ao evento no futuro, e outras menores devem ocupar esses espaços porque nascerão com o espírito do tempo certo. Porque sustentabilidade é entender qual é o espírito do tempo e se alinhar a ele.”, observa Almeida.

Marcaram presença no evento marcas como Natura, Basf, BMW, Coca-Cola, Method, Newinc, Reserva, Geekie, L’Oréal, Itaú, Dow, Solazyme, GPA e Patagonia. Foi realizada, paralelamente, um concurso de startups voltada para desenvolvedores de soluções inovadoras na área de sustentabilidade, o SB Innovation Open 15, com oferecimento da Apex-Brasil. No ano passado a vencedora foi a Treebos, empresa que mantém bosques frutíferos para plantação em um tipo de crowdfunding, comercializa a produção e garante o retorno aos investidores. Seu fundador e CEO, Murilo Ferraz, esteve na SB Rio esse ano.

Houve palestras tão inspiradoras quanto a da tailandesa , Sirikul Laukaikul, da consultoria de marcas BrandBeing, criadora do conceito de Karma Marketing, que remonta à filosofia budista ancestral de que as ações e intenções de um indivíduo determinam seu futuro de maneira inescapável. Ela falou no debate “Como as marcas podem engajar pessoas”, realizado na tarde de quarta-feira (26).

“Tudo se interliga: a raiva e a vingança geram comportamentos tolos e ignorantes, que alimentam a ganância e a insatisfação. Marcas que acreditam nisso fazem seu marketing de forma responsavel transformando sentimentos ruins em satisfação, conhecimento, bondade e boas ações”. Ela diz que o conceito de “ter o suficiente” é algo ainda não compreendido pelas empresas, soa como ter pouco ou menos do que se deveria. Nui, como prefere ser chamada, defende o conceito de “Sufficient Economy”, que parte do princípio de que as pessoas devem ter o suficiente para si mesmas e o excedente deve ser dividido com outros. Ela realizou em março desse ano a primeira conferência  SB em Bangkok.

O dinamarquês Thomas Kolster, autor do livro “Goodvertising”, conta que passou quase duas décadas trabalhando em agências e consultorias e acabou por dar nome a um movimento que vem ganhando força nas atuais tendências da publicidade.

“Se temos uma capacidade enorme de convencer as pessoas a comprar coisas, por que não usá-la para fazer o bem?” questionou, citando estudos que comprovam que as pessoas esperam mais do que bons produtos ou serviços na hora de estabelecerem laços de comunicação com uma empresa.

“Hoje, 70% dos consumidores acreditam que os negócios devem solucionar desafios globais, como as mudanças climáticas”, afirmou.

Fred Gelli, sócio da Tátil, disse que atualmente são investidos R$ 112,6 bilhões em publicidade, a maior parte no modelo de comprar espaço para falar bem de si mesmo, e que isso não combina com o futuro.

“Desse total, 93% é usado para atingir a pessoas em casa. Porém, na internet, usuários fazem milhões de reviews sobre tudo, e eles têm mais credibilidade junto a outros usuários do que páginas oficiais. A experiência deles vale mais para os públicos do que a propaganda”, destacou. 

São realizadas anualmente nove edições do SB – sendo que o próximo é semana que vem, em Buenos Aires. No ano que vem, a SB chega a todos os continentes e terá um total de 12. Será realizada na Cidade do Cabo, na África, e na Austrália, além de San Diego, Banckok, Kuala Lumpur, Istambul, Kopenhagen, Londres, Barcelona, Rio de Janeiro e Buenos Aires. 2016 será o décimo ano do evento criado pela Sustainable Life Media, da KoAnn Vikoren Skrzyniarz.