Dentre os acontecimentos que marcaram 2018, Trump e os campeões. Uma mesa de jantar cuidadosamente arrumada e exclusivamente de fast-food. Que Donald Trump ofereceu aos jogadores que venceram o “College Football Playoff National Championship”, os estudantes da universidade de Clemson. Em verdade, o jantar deveria ter sido realizado numa quinta-feira, mas, devido à falta de funcionários pela paralização do governo – 24 dias completos -, o evento foi sendo adiado e não dava para esperar mais. Trump brigava com o Congresso exigindo a aprovação de um orçamento que contemplava a construção de um absurdo muro na fronteira com o México, que os congressistas americanos recusavam-se a dar sinal verde para tamanha bobagem.

Assim, sem receber seus salários porque o orçamento não fora aprovado, os funcionários da Casa Branca pararam de trabalhar. E, diante do impasse, McDonald’s para os campeões. E ainda fritas e pizzas. Empolgado, Trump anunciou: “Nós temos pizzas, temos 300 Big Macs, e quilos e quilos de batatas fritas, nossas comidas favoritas… tenho certeza que não vai sobrar nada!”. Como é do conhecimento de alguns de vocês, num dos espaços da matriz de Branding do MadiaMundoMarketing, ferramenta de construção, fortalecimento e sustentação de marcas, e em formato de colmeia, existe um favo, específico, aquele espaço hexagonal, reservado a um público da maior importância que denominamos Angels.

Aqueles clientes que adoram nossas empresas, nossos produtos e serviços, nossa equipe de colaboradores, e não param de falar de e sobre nossos predicados, méritos e virtudes. Um cuidado especialíssimo tem de ser garantido a esse público. Vale ouro. Além de cliente, é Angel, disseminador e apóstolo de nossos préstimos, competências e qualidades. Merecem um carinho especial. Precisamos abastecê-los com informação de qualidade; sempre. Mas existem, também, os Devils. Pessoas que você jamais gostaria que se apaixonassem por sua empresa, mas que se sentem atraídos e você terá de aprender a conviver com eles.

Exemplos? Sadam Hussein era apaixonado por Doritos e Cheetos, e pelo Café Pelé. E, mesmo depois de preso e condenado à morte, continuava falando sobre as suas marcas do coração. Uma das mais famosas playmates de Playboy, que tinha um site de pornografia que batia recordes de audiência, exibindo e chacoalhando seus descomunais seios, não parava de falar de seu restaurante do coração, o Oliver Gardens, cujo posicionamento é… “O lugar da família, onde a família se encontra, celebra e se alimenta…”

E agora, um verdadeiro ogro, Donald Trump, não se cansa de declarar à imprensa que só se alimenta com Big Mac porque é apaixonado pelo sanduíche e tem medo de ser sabotado por algum alimento preparado na própria cozinha da Casa Branca. Era tudo o que o Mc não queria dentro de sua política suicida e ridícula que é tentar reposicionar-se como empresa de alimentação saudável e de qualidade… logo o Mc, o maior provedor de fast e junk food do planeta. O McDonald’s, enquanto negócio, causou e é, disparado, o líder e referência mundial em fast-food; e, assim, as declarações de Trump daquela noite seriam abençoadas coroando toda uma trajetória. Trump seria um Angel.

Mas como o McDonald’s vive a maior esquizofrenia de toda a sua história, uma parcela expressiva de seus dirigentes considera Trump como Devil, Diabo, e perde a oportunidade de capitalizar sobre a paixão do ogro. Enquanto isso, a concorrência deita e rola… Tudo o que o Mc deveria fazer é aceitar os conselhos de Chico Buarque de Hollanda: “Se você crê em Deus encaminhe pros céus uma prece. E agradeça ao Senhor você tem o amor que merece…”. Mas o Mc continua insistindo em ser o que jamais foi e nunca será! Como canta Chico, em outra música de sua autoria.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)