As pessoas que ainda não conhecem você conhecerão quando isso acontecer: depois da plástica; já sendo, como, uma nova você. Você! Até aí, tudo bem. Mas, de verdade mesmo, em termos de branding, vale a pena submeter-se a procedimentos estéticos corretivos, que supostamente melhorarão a sua aparência? Melhorarão, mesmo? De verdade?

Muito especialmente para todos aqueles que conhecem você há anos, acostumaram-se com o seu look, acham você linda, – ou lindo –, pelo seu design completo e por inteiro – forma, conteúdo, movimentos, expressões, sentimentos, sorriso, risadas, chegadas, despedidas. Para quem ainda não conhece você, você nem melhora nem piora. Trata-se apenas do primeiro registro. Já para os que conhecem você – posso garantir, para todos eles –, menos nas situações de necessidade imperiosa por motivos de saúde ou grave defeito físico que as plásticas em geral causam, na mais otimista das situações, estranhezas e constrangimentos, na quase totalidade delas, uma impressão ruim; péssima!

E quando os procedimentos são desastrados, então, o que infelizmente não é raro, a impressão é trágica. Assim, sob todos os aspectos, os riscos envolvidos nas plásticas são desproporcionais.

Todos os dias cruzamos, através de fotografias ou vídeos, com pessoas que conhecemos e acabaram de submeter-se a correções plásticas ou supostos processos de rejuvenescimento. Imagino que muitos de vocês conheçam pessoas que se arrependeram amargamente da tentação das plásticas.

Quando isso acontece, nos primeiros reencontros, no mínimo 80% das impressões causadas são as piores possíveis, seguidos de comentários devastadores, claro, depois que a pessoa que se submeteu à plástica, vai embora. Ainda que muitos por educação tenham dito: “nossa, como você ficou bem… rejuvenesceu 30 anos…”.

Lembro-me de uma ótima cantora, sambista das boas, já falecida, que se submeteu a uma plástica e o resultado foi tão desastroso que incorporou uma máscara ao seu rosto. Nunca mais saiu sem a máscara. Imagino que nem mesmo deixou-se enterrar sem a máscara. Semanas atrás, na imprensa, o relato da aplicação de botox que uma celebridade jornalista global aplicou à sua bochecha. Bochecha agora saltada e reluzente. Quase um farol! Assim como a plástica realizada pela irmã de um craque da seleção famoso por cair recorrentemente…

E aí vamos nos lembrando da galeria de centenas de celebridades e personalidades públicas que temos infinita dificuldade de reconhecer como autênticas, dentro da nova identidade visual que passaram a ter e ser… E provocando uma inevitável e constrangedora dissonância cognitiva quando naturalmente confrontamos com o registro original que temos dessas pessoas dentro de nós, construído durante anos ou décadas em decorrência de dezenas de momentos e pontos de contato.

Em síntese, amigos, em termos de branding, de permanecerem-se para sempre como marcas de extraordinária qualidade, só recorram à plástica em situação de real e comprovada necessidade. Por uma questão de saúde, por exemplo, ou resgate estético essencial. Mas, se mesmo assim você decidir-se pela plástica exclusivamente por uma questão de suposta e improvável beleza, prepare-se para viver todos os anos de vida que lhe restam, correndo…

Correndo de quem verdadeiramente você é, ou melhor, foi.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)