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A revista satírica francesa Charlie Hebdo lançou no último sábado (05/01) uma edição especial em homenagem aos quatro anos do ataque terrorista que deixou 12 mortos na sede da publicação em 7 de janeiro de 2015.

Com o tema “O retorno dos obscurantistas”, a publicação traz na capa a ilustração de um bispo e um ímã apagando uma vela. Sobre uma mesa, a edição histórica pós-atentado de 14 de janeiro de 2015, com a manchete “Tudo está perdoado”.

Já em página dupla dentro da revista, um desenho mostra os “obscurantistas” comemorando o aniversário do atentado: dentre eles, o Papa Francisco; a líder de extrema direita da França, Marine Le Pen; e o presidente Donald Trump.

“Não são somente as nossas histórias pessoais (que são esquecidas), mas também o que significou o que aconteceu. Temos a impressão de que damos respaldo a isso, mas em nossa opinião esses fenômenos de reações retrógradas seguem presentes, ainda mais depois de quatro anos”, disse o diretor de redação da revista e autor do desenho de capa, Riss, à Agence France-Presse. O cartunista afirma ainda, no editorial do veículo, que desde o atentado a situação com o totalitarismo islâmico se degradou e que “tudo agora é blasfêmia”.

Sobre o atentado

Há quatro anos, os irmãos Said e Cherif Kouachi invadiram a sede da Charlie Hebdo, em Paris, e mataram a tiros os jornalistas e chargistas presentes, além de dois agentes da polícia nacional francesa. Outras 11 pessoas que estavam próximas ao local ficaram feridas.

Fundada em 1970, a Charlie Hebdo publica capas com ilustrações de tom satírico crítico a religiões, incluindo o Islã. No entanto, a representação gráfica do profeta Maomé é considerada uma ofensa pelos religiosos. Desde 2006 a publicação era alvo de manifestações da comunidade islâmica e havia sofrido anteriormente ataques de hackers e até mesmo um incêndio criminoso em sua sede.

Nesta segunda (07/01), o ministro do Interior da França, Christophe Castaner, e outros integrantes do governo estiveram na sede da revista para prestar homenagem às vítimas. O ministro escreveu ainda, em rede social, que o ataque foi “um atentado à liberdade de expressão”.