Miles Young: Jogos Olímpicos serão muito bons para o BrasilO foco da Ogilvy & Mather no Brasil, neste ano, deve ser novos negócios, segundo o chairman e CEO Miles Young. O executivo esteve no Brasil, na semana passada, para uma visita de rotina às operações de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Não vamos focar nos negócios caros já existentes, mas em algo que mostre que quando a economia não está bem você tem de lutar mais forte do que você faria normalmente. Uma agência como esta precisa usar uma estratégia de guerra e todo mundo deve estar comprometido, como uma parte desta campanha. Não é um negócio usual”, explicou Young.

Embora a prioridade seja o crescimento orgânico, o executivo contou que a empresa está em conversação com cinco empresas no Brasil para verificar a compatibilidade e a possível fusão. “Primeiro pretendemos crescer organicamente. No entanto, algumas vezes vemos talentos e capacidades interessantes, então verificamos a possibilidade de aquisição.”

Duas principais áreas estão no foco do crescimento da empresa. “Em relações públicas, estamos indo bem, mas podemos crescer. E temos um interesse em todas as áreas digitais, incluindo conteúdo digital e marketing de performance”, disse.

A visita do executivo também teve como objetivo conhecer as obras para os Jogos Olímpicos. “Queria não apenas verificar a situação, já que o país mudou muito no último ano, mas também visitar os novos clientes no Rio de Janeiro”, comentou o executivo.

Young disse estar animado com o que viu no Rio de Janeiro. “Foi uma experiência muito interessante e animadora. De alguma forma, a Ogilvy está envolvida com os Jogos Olímpicos desde os jogos de Barcelona, em 1992. Nesta semana, visitamos uma seção do Parque Olímpico e ficou muito claro para mim que os Jogos Olímpicos serão muito bons para o Brasil neste momento. Eles estão sendo concebidos de uma forma muito responsável, não extravagante.”

Young lembrou que o estádio de Tóquio, que está sendo construído para as Olimpíadas de 2020, criado pela arquiteta Zaha Hadid, já está causando polêmica pelo alto custo. “Não existe nada assim aqui. São construções modestas com capacidade de reúso. O maior legado que ficará para o Rio de Janeiro será o transporte público. Esse é o tom certo de contribuir com o país”, falou.

Além dos planos para o Brasil, o executivo também falou sobre as expectativas para a Ogilvy & Mather globalmente. “O foco será continuar crescendo na área digital: redes sociais, mobile e e-commerce. Também temos de focar em novas localizações. O Brasil não é o único grande mercado em desenvolvimento que está desacelerando. Rússia e, até mesmo, a China também estão. Nossa sorte é que já investimos nesses países e agora eles estão se tornando importantes para nós”, contou.

Entre as novas localizações em que a empresa vem focando estão Indonésia, Paquistão, Colômbia e África subsaariana. “Como Ogilvy, nós procuramos ser os primeiros nestes países e isso nos dá uma posição de liderança. Daqui a 20 ou 30 anos, o mundo vai ser bem diferente. Os mercados tradicionais, como Estados Unidos e Europa, serão relativamente menos importantes”, afirmou.

Crise

Young fez uma apresentação para o time da agência em São Paulo na manhã da quarta-feira passada e, durante seu discurso, usou um ditado chinês que diz, em tradução livre, que quando a situação é dura, os mais duros permanecerão. “O Brasil tem a vantagem de ser um país enorme, mas uma desvantagem que isso traz é pensar que você é o centro do mundo. Mas não é. Não é fácil, mas é positivo focar no que é necessário para competir com o resto do mundo. O Brasil é mesmo competitivo? Como ser mais competitivo? A China tem as mesmas questões, a Coreia também. É assim em todos os países. Eu passei por várias recessões e recessão não tem apenas o lado ruim. Mas, em várias indústrias, eles incentivam o questionamento sobre como fazer as coisas melhores. Na nossa indústria também é assim. As marcas e as empresas que são mais fortes e mais ambiciosas têm mais sucesso em sair da recessão, ficando mais fortes. Enquanto as fracas, saem ainda mais fracas. A qualidade, no geral, é fortalecida”, afirmou.

Para o executivo, a crise também ajudará o Brasil a acelerar o processo de se inserir no mundo globalizado. “Todas as reclamações das pessoas no momento são sobre coisas que requerem uma atenção maior para os padrões mundiais: transparência, corrupção, responsabilização… Isso não é anormal, nem exclusividade do Brasil, isso é parte do desenvolvimento econômico. Outros países passaram por isso. Quando começa a haver uma classe média com poder econômico, ela começa a ser cada vez mais exigente”, completou.