Existe uma expectativa no ar em relação à nova Playboy brasileira. Desde o fim do ano passado, quando a Editora Abril resolveu descontinuar o título do portfólio depois de 40 anos e a desconhecida PBB Entertainment prontamente assumiu o desafio de relançar a revista no país, tanto leitores como anunciantes esperam com curiosidade o que vem por aí. Algumas características serão mantidas e outras tentarão ser resgatadas, mas nem tudo será igual.

Segundo André Sanseverino, vice-presidente e publisher da revista, uma das principais novidades é que, ao contrário do modelo de décadas que atraía grandes estrelas pelas polpudas recompensas financeiras, a partir de agora a Playboy não vai mais pagar para que as mulheres tirem a roupa. “A Playboy não pagará por nudez. Como contrapartida, o que queremos é proporcionar um momento único para as nossas estrelas. Os ensaios serão superproduções”, garante o sócio, que entrou no negócio junto com os parceiros Marcos de Abreu, que assume como presidente da empresa, e Edson de Oliveira, que ocupa o cargo de vice-presidente comercial.

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Apesar deste formato de negócio, que pode representar um balde de água fria em celebridades que viam na Playboy a chance de ficarem milionárias ou compar casas e carros de alto padrão com os cachês, Sanseverino afirma que já tem garantida a mulher que estampará a capa da edição de relançamento, que deve ocorrer em março. Ele esconde o nome da protagonista, mas assegura que se trata de alguém que há muitos anos é o sonho dos leitores brasileiros.

Questionado sobre a informação de mercado de possíveis dificuldades para definir a garota de capa por conta de recusas das mulheres procuradas, o publisher desmente. “Tanto não é verdade que já temos o nome certo. Só houve um convite, que foi aceito”, diz, explicando que beleza não será o único quesito para as escolhas das próximas musas. “Além de resgatar o glamour que a revista já teve, vamos dar maior participação para a mulher, inclusive dentro da equipe editorial, que terá uma colunista mulher. A Playboy continuará falando sobre o universo masculino, mas vai trazer também uma ótica feminina sobre os assuntos”.

Nesta linha, mulheres formadoras de opinião e com históricos interessantes também estarão no alvo da revista, mesmo que não sejam as mais desejadas do momento.

Coelhinhas
As tradicionais coelhinhas seguem nos planos da revista e devem até ganhar mais espaço. Como a PBB Entertainment já nasce com a expertise de gerenciar carreiras de modelos por meio da Employer, empresa do sócio Marcos de Abreu, e da experiência do próprio Sanseverino, que foi diretor da agência de modelos Ford Models no Paraná, a ideia é organizar um concurso para escolher um time oficial de coelhinhas e alavancar a carreira das selecionadas na disputa.

Os novos sócios também prometem realizar grandes festas para o lançamento de cada edição, como estratégia para atrair as personagens da capa. “Não apenas em São Paulo e não somente eventos em baladas. Vamos fazer festas grandes em várias regiões do Brasil para aproveitar e expandir a força da marca”, comenta Sanseverino.

Multimídia
Outra novidade está no formato, que crescerá um centímetro em comparação ao da Editora Abril, e em um tipo de papel mais elaborado. O objetivo é dar uma imagem totalmente premium ao produto impresso, que seguirá sendo o carro-chefe. “Queremos oferecer uma série de oportunidades aos anunciantes no impresso, digital e festas”, afirma Sanseverino. “No entanto, não esqueceremos a essência da Playboy. Fala-se muito da crise nos meios impressos, mas estamos muito animados e conscientes. Acreditamos que ainda existe um bom mercado”, completa Sanseverino.

Na parte editorial, as clássicas páginas com entrevistas serão mantidas e terão o mesmo destaque de antes, sempre com personalidades conhecidas pe- lo grande público. A publicação contará ainda com uma plataforma digital, que terá o conteúdo atualizado diariamente. Algumas fotos dos ensaios poderão ser vistas pelo site, mas a íntegra, apenas para assinante.

De acordo com Sanseverino, que virou dono da revista que coleciona e para a qual um dia trabalhou como fotógrafo, a nova proposta editorial pretende ser mais aberta. “Ao contrário da Abril, que não fazia matérias sobre carros, por exemplo, porque tem a Quatro Rodas, nós somos livres para abordar todos os tipos de assuntos. Nosso modelo não será engessado como era antes. Estamos muito animados”, conclui.