O comercial Lavajato, da Petrobras, foi uma das gratas surpresas que a propaganda me fez este ano. Simples, objetivo, claro e criativo. Uma demonstração perfeita de como a propaganda se mostra eficaz e completa na informação, mesmo dispondo de apenas alguns segundos para resumir uma longa história. Aliás, essa sempre foi a grande diferença positiva dos melhores criativos. A capacidade de dar relevância à essência da informação, através da originalidade na forma de comunicar.

Se alguém, por ventura, não tinha ainda entendido direito o que aconteceu e o que está acontecendo na Petrobras, mesmo tendo assistido a horas de noticiários e comentaristas, agora, definitivamente, não tem mais nenhuma dúvida.

O comercial Lavajato é cristalino. São momentos assim que fazem com que a gente se sinta orgulhoso da profissão que escolheu para passar a vida. Profissão muitas vezes injustiçada pelas acusações de alienante ou descomprometida, de focada apenas nos interesses comerciais e desinformada sobre os contextos sociais, de exercida por intelectualoides deslumbrados com o próprio talento para o efêmero…

O comercial Lavajato é uma obra-prima de cidadania plena. Poderia ser apenas uma obrigatória prestação de contas, mas, graças ao brilho criativo dos profissionais com ele envolvidos, se tornou o compartilhamento de um dos momentos mais importantes da história da Petrobras.

Não por acaso nasceu na casa mais emblemática da propaganda brasileira: a DPZ (hoje, DPZ&T). Tendo passado boa parte da minha vida profissional na companhia de criativos geniais, como Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza e seus colaboradores, Neil Ferreira, Washington Olivetto, Nelo Pimentel e Luiz Toledo, além de dezenas de outros, posso dizer, com segurança, que senti nesse roteiro, e na sua produção, a presença poderosa de todos eles.

No esmero de um texto elaborado, palavra por palavra, sintético e completo, ao mesmo tempo. Na estética, encantadoramente dramática e de um inquestionável bom gosto na fotografia. Tudo absolutamente fiel a como eles fizeram desde os anos 1970 e, certamente, estariam fazendo hoje. Melhor: estão fazendo, através do trabalho de profissionais que experimentaram e compreenderam o profundo compromisso daqueles pioneiros com o significado da profissão que abraçaram.

Num momento em que muitos, por desinformação ou oportunismo, tentam desmerecer o papel da publicidade na sua essência e em sua origem, ocasiões como essa servem para recolocar as coisas em seus devidos lugares e demonstrar que, enquanto a incompetência se debate contra as próprias limitações, o talento, numa pincelada, resolve um problema magistralmente.

Que esse trabalho sirva de modelo para o jeito de lidar com o negócio em todas as agências é o meu mais profundo desejo. Foi assim que nasceu, sobreviveu e cresceu a melhor expressão da publicidade brasileira e ganhou o respeito do mundo. O nome disso é amor ao trabalho. É fazer o que se gosta. É brigar para que nunca se acabe. Obrigado, DPZ&T. Vocês me representam.

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing 
stalimircom@gmail.com