“O Brasil não é para principiantes.” A gente lê os jornais, assiste à TV, ouve o rádio, acessa a internet, fuça as notícias pelo celular e volta à frase clássica atribuída a Tom Jobim. E como não fazer isso?

Temos a maior disponibilidade hídrica do mundo e vivemos uma crise de água sem precedentes. Levamos décadas para erguer uma empresa vitoriosa globalmente e, de uma hora para outra, a encontramos esfacelada. Acabamos de reeleger a presidente e vemos multidões pedindo para ela sair. Se está difícil para especialista entender, imagine para principiante.

Uma maré de pessimismo alastrou-se pelo país. E se o otimismo pode até não ajudar, o pessimismo, com certeza, atrapalha. O que muitas vezes é apenas difícil deixa a impressão de ser impossível.

Mas andar pro lado não é a mesma coisa que andar pra trás. E nós, definitivamente, não estamos andando para trás. Continuamos a ser um país de enormes possibilidades, agora, talvez, com expectativas redimensionadas de forma mais adequada. Convenhamos que isso até que pode ser bom. Afinal, trabalhar com a realidade é sempre melhor do que viver na ilusão.

Que fique claro: não estou propondo ser ingênuo ou condescendente em relação à crise (ou às crises) que enfrentamos. O jargão popular afirma que ‘não tá fácil para ninguém’,  quem sou eu para contestar? Mas uma retrospectiva rápida em relação ao que já vivemos – de hiperinflação a ditadura militar, passando por crise energética, ágio, impeachment e por aí vai – me faz crer que saímos de situações tão ou mais graves que a atual e o nosso processo de amadurecimento é irreversível.

Como líder da unidade brasileira de uma agência multinacional, e como um brasileiro que já encarou de marolinhas a tsunamis econômicos, posso dizer que a minha postura corporativa e pessoal é a de não me abater diante de manchetes negativas. Pelo contrário.

Penso que, em tempos de incertezas, são os executivos, os empresários e as empresas que têm coragem de investir, de pensar à frente e de fazer diferente, os que se sobressaem e lideram a mudança. Por isso mesmo, na Publicis vivemos um momento de renovação, que envolve desde a contratação de novas lideranças até a mudança para uma sede no prédio mais sustentável da América Latina. Essa é a prova concreta de que acreditamos neste país. Acreditamos que, com coragem e trabalho, muito trabalho, podemos vencer um a um os desafios que o cenário atual nos impõe. E acreditamos, principalmente, que ajudar a construir um lugar ainda melhor para se viver é responsabilidade de todos nós.

* Presidente da Publicis Brasil