What sparks creativity?

Esse foi o tema do LadFest 2024, maior evento de criatividade e design da América Latina, que ocorreu entre os dias 11 e 12 de abril, em Lima, no Peru.

Com designers e artistas de todos os cantos do planeta, o palco do histórico Teatro Manual Segura foi tomado por tipografias, ilustrações, histórias e processos criativos.

Nós, da Gilda, fomos acompanhar de perto, e esses são alguns dos pensamentos e aprendizados que tiramos dos dois dias de evento:

AI apareceu como coadjuvante do festival

Tida como a principal pauta em festivais criativos, a IA não ficou de fora dos palcos do LadFest. Mas, para nossa surpresa, o tema não foi o foco das palestras, que tiveram, em sua maioria, abordagens mais humanizadas sobre a relação com os processos e as pessoas.

Andrea Campos, sócio da Pentagram, abordou temas como o papel do design como um solucionador de tensões e a cultura cíclica em que vivemos em relação à tecnologia, pincelando sobre IA para contar sobre um projeto paralelo que realizou na concepção de um livro de tipografias. Logo, a ferramenta que estará cada vez mais presente no cotidiano de trabalho, parece estar sendo desejável apenas para tirar as ideias do papel - não colocá-las.

A sensação foi que a saturação do assunto no mundo digital deu espaço para que outros tópicos fossem preferíveis de serem falados ao vivo, como a importância das emoções no processo criativo.

Vamos falar de sentimentos, mas sem exceções

Tão encantador quanto os trabalhos apresentados, foi ver o processo criativo dos profissionais. Embora cada um tenha sua própria forma de criar, um padrão ficou claro para nós: nenhum grande projeto nasce sem sentimentos.

Algumas palestras pareciam um acalento, enquanto outras trouxeram um incômodo positivo, principalmente pela quebra das emoções esperadas durante essa jornada. Raiva, inveja e frustração apareceram como drives para potencializar o processo, assim como Maria Helena Muller, designer brasileira, estampou em seu painel: 'Anger gets a lot of things done'.

O mais inspirador foi notar a capacidade dos profissionais de aprender a canalizar suas emoções para criar algo verdadeiramente relevante, como trouxe Sawako Kabuki, ilustradora japonesa que roubou a cena com seu trabalho ácido e maravilhoso, que enfatizou como enxergava o seu processo de criação como algo chato e doloroso.

Nos sentimos em casa: o destaque brasileiro no festival

Os palestrantes tinham backgrounds distintos, mas foi nítida a representatividade do Brasil no evento. Durante a cerimônia dos Young Talents (prêmio para designers até 30 anos), 8 dos 10 participantes eram brasileiros, que fez deste um grande lembrete de quão criativamente poderosos somos em nosso país.

Que em momentos de busca por inspiração, a gente possa olhar mais para dentro de casa e valorizar o acervo criativo e cultural que temos por aqui. Tem muito trabalho incrível que dá orgulho de falar que é nacional, e o LadFest nos provou isso.

André Concourd é founder da Gilda, estúdio de branding e comunicação (concourd@gilda.cc)