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O pacote comercial para as transmissões do futebol da TV Globo é reconhecido no mercado por seus valores e impacto de negócios para os anunciantes que o patrocinam. Para 2019, Ambev (Brahma), Chevrolet, Itaú, Vivo, Casas Bahia e Hypera Pharma farão investimento de quase R$ 2 bilhões. Apesar da força do futebol como parte da receita do grupo Globo, o futuro de seus negócios pode apontar para outras frentes.

Nesta terça-feira (18), durante o GG eSports Summit, evento do Grupo Globo que discutiu as oportunidades do mercado de esportes eletrônicos, Roberto Marinho Neto, que lidera o departamento de esportes da companhia, falou ao PROPMARK sobre os investimentos na vertical.

Desde 2015, a companhia já veicula algumas competições nos canais SporTV, mas para 2019, a palavra de ordem é entrar de vez no segmento. Não era para menos. Os eSports estão prestes a se tornar a maior indústria de entretenimento do mundo, com projeção de receita de US$ 138 bilhões até o final de 2018, segundo a consultoria Newzoo,

“É como em um jogo de futebol, as pessoas são muito apaixonadas, fanáticas de verdade. Vimos diversas oportunidades. Começamos a entender o modelo de negócio para saber como trazer essa audiência para gente”, ressaltou Marinho na abertura do evento.

Na entrevista a seguir, o executivo dá mais detalhes sobre os investimentos do grupo Globo em eSports, e a parceria com a Ubisoft para projetos com os games Just Dance e Rainbow Six.

O Grupo Globo detém o maior pacote comercial do mercado com as transmissões do futebol. Pensam em um modelo semelhante para eSports?

Vai ser um sonho se a gente conseguir vender um pacote comercial como no futebol. Estamos trabalhando nisso. Já temos pacotes na rua, além de parceiros já fechados para eventos, como o Prêmio eSports Brasil.

Falando em parcerias, o Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina, citou um novo projeto com vocês envolvendo os games Just Dance e Rainbow Six. Pode dar mais detalhes?

Você vai ter que esperar o ano que vem para saber mais detalhes sobre os lançamentos que faremos junto com a Ubisoft. Mas a gente tem investido bastante no ecossistema de esports. Olhamos para várias verticais. De forma mais tradicional, estamos investindo na compra de direitos de transmissão. Pode ter certeza que os melhores campeonatos estarão nas nossas propriedades, seja no SporTV seja na TV aberta e no digital.

Quais outros pilares estão apostando?

Começamos a investir também em eventos, que é onde a comunidade gamer se encontra. Estamos promovendo, amanhã, por exemplo, a segunda edição do ESports Brasil, em parceria com a Go For It, temos também a Game XP, em parceria com o Rock in Rio, Omelete e ComicCon. Temos também o investimento em ligas profissionais e amadoras, contribuindo para a preparação dos atletas desde a base. Estamos cobrindo todos os pontos. Em breve vamos mostrar todas essas novidades.

O que fez o Grupo Globo entrar nesse mercado?

O investimento em eSports é apenas uma evolução do nosso negócio, que mostra nossa sintonia com o que é mais importante para o nosso espectador. A gente estudou o mercado por quatro anos. Não demoramos para se tocar sobre o seu tamanho, mas a gente se debruçou para entender como um grupo tradicional de mídia poderia ser relevante para a comunidade gamer. E a gente foi bem surpreendido por isso porque já existia um mercado forte, com uma plataforma de streaming de vídeo forte – a Twich, da Amazon. E a gente entendeu que a audiência estava toda no digital, porque ela nasceu no digital. Então, nosso primeiro olhar foi entender como uma empresa de mídia tradicional poderia criar valor ali.

Na abertura, você comentou sobre a importância de ter humildade nesse mercado. Como foi o processo de descoberta de uma nova frente?

Para qualquer mercado, acima de tudo, a gente precisa ouvir. O mundo está mudando muito rápido, o que você sabia, conhecia do telespectador há 10 anos é muito diferente do que a gente sabe hoje e vai ser muito diferente daqui a três anos. Então, ter humildade para ouvir foi essencial.

Conversando com os jogadores, eles contaram para a gente que a cobertura na TV foi muito importante. Tanto os atletas quanto os fãs gostam de se ver ali no SporTV, na Globo. Eles pararam de ser conhecidos apenas pelos próprios gamers para serem reconhecidos pelo motorista de táxi, pelo porteiro, nas ruas, enfim, por pessoas comuns.

Percebemos que deveríamos estar em sintonia para fazer televisão para quem assiste TV e não como a gente acha que tem que ser feito. Então, foi natural o movimento nesse novo mercado.