A tecnologia desembarcou no mundo editorial causando dúvidas. Antes visto como inimigo, hoje o digital já flerta com o tradicional impresso. Como consequência, surgem algumas certezas. Uma delas é a de que o online não é rival da mídia impressa e, sim, complementar a ela. Essa é a opinião de Frederic Kachar, presidente da Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas).

“Em algum momento, essa discussão se tornou binária entre o papel e o digital. Mas, na verdade, eles são complementares”, disse o executivo.

Ninguém duvida dos benefícios da tecnologia no amplo universo da comunicação. De acordo com Kachar, que também é diretor-geral da Infoglobo, outra vantagem é que a tecnologia tem sido uma importante aliada do segmento de revistas no momento conturbado que o país atravessa por conta da recessão econômica. 

“A tecnologia tem sido uma forte aliada, uma ferramenta superpoderosa na reconstrução do nosso faturamento”, disse o presidente da Aner. “Em 2016, por exemplo, estamos colhendo muitas coisas importantes na seara digital que começamos a plantar há dois, três anos. A tecnologia se transformou em uma excelente oportunidade de negócios”, complementou.

Alê Oliveira

Um dos exemplos apresentados pelo presidente da Aner foi possível graças a parcerias com empresas, como o Google, e com os próprios anunciantes. “Nós conseguimos entregar campanhas com menos dispersão e a tecnologia vem ajudando, inclusive, na recuperação do nosso setor”, destacou o executivo.

Kachar disse ainda que não existe resistência dos players do mercado quanto à presença do digital nas publicações. “Mesmo porque as próprias pessoas são online o tempo inteiro e não existe mais  resistência alguma”, disse.

 

PAPEL
Apesar do avanço da tecnologia no mundo editorial, o presidente da Aner não acredita que o mercado de revistas verá o fim do papel. “O papel ainda tem a sua função. Ele vai continuar existindo, mas eu não aposto em um viés de crescimento”, garantiu.

O executivo conta ainda como será, na opinião dele, o futuro do mercado de revistas. “Na verdade, seremos empresas com vários negócios”, disse, apontando a tendência para o que já vem sendo realizado em muitos grupos de comunicação. “Olhando para o comportamento de consumo de conteúdo das pessoas, eu acredito que o digital será, sim, o carro-chefe”, revelou.

Kachar, no entanto, alertou. “O que não pode ocorrer é a gente voltar ao raciocínio binário de que, já que o digital será o carro-chefe, involuntariamente vai destruir o resto”, disse.