Termina a Segunda Grande Guerra. Uma enfermeira e um marinheiro beijam-se na Times Square. Em Bauru, onde nasci, diante da perspectiva de tempos de paz, os pais viram-se para o menino e perguntam: “Chiquinho, o que você quer ser quando crescer: médico, cirurgião-dentista, advogado, militar, funcionário público ou trabalhar no Banco do Brasil?”.

Sete a dez opções, alternativas, possibilidades, exagerando. Eu era um desses meninos de Bauru, ou dos interiores do Brasil no início dos anos 1950. Meu pai, funcionário público; minha mãe – do lar – e a maioria das mães queria que os seus filhos homens fosse médicos, e eu não tinha a mais pálida ideia.

Comecei a desconfiar sobre que caminho seguir quando fiz o curso Clássico no Colégio de Aplicação da USP, na Rua Gabriel dos Santos, em São Paulo.

Depois de uma bateria de 60 testes vocacionais, a psicóloga sentenciou: em primeiro lugar, arquitetura; em segundo, teatro; e, em terceiro, direito. Fiz direito, mas, de certa forma, ela intuía que meu caminho seria o do marketing; que soma muito essas três alternativas, mas que jamais poderia verbalizar porque naquele momento nem ela nem quem quer que fosse tinha a mais pálida ideia sobre esse tal de marketing.

Salta para 2017. Se um pai resolver nos dias de hoje fazer a mesma pergunta, certamente vai passar umas duas horas recitando alternativas de profissões e negócios.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (fmadia@madiamm.com.bra)