Alê Oliveira

Em um país cartorial como o nosso, não surpreende que categorias de prestadores autônomos de serviços e mesmo trabalhadores no regime da CLT, desde que minimamente organizados, oponham-se a inovações no mercado que beneficiem a coletividade.

Seria até compreensível, entendendo-se a resistência como uma defesa da classe. Quando surgiram os primeiros veículos com motor a explosão nos Estados Unidos, ferreiros e carroceiros também se insurgiram contra a novidade.

O que não se pode tolerar é o poder público ser conivente com essa postura de reserva de mercado.

Temos aí o Uber querendo operar em São Paulo e a Câmara Municipal decretando a sua proibição. O prefeito endossa e cria uma frota “virtual” de luxo, que vai funcionar por meio de aplicativo, naturalmente com bandeira mais cara.

Quem ler Uber do fim para o começo, irá se defrontar com a palavra rebu. É o que  frequentemente ocorre no Brasil cartorial, onde as decisões oficiais não colocam a população em primeiro lugar, ficando caudatária do interesse de minorias que não hesitam inclusive em fechar vias importantes da cidade para protestar.

Esse comportamento explica em parte porque ficamos fora do recente acordo internacional de livre-comércio, reunindo 40% do PIB global, com vantagens significativas para os países participantes. Entre eles, nossos vizinhos Chile e Peru.

Alguém lembrou outro dia que continuaremos a ser o país do futuro. Jamais do presente.

 *Diretor-presidente da Editora Referência, que edita o propmark e as revistas Marketing e Propaganda