Por Suzi Cavalari

Fotos divulgação

Se os rinocerontes estão em extinção no mundo, na avenida Nove de Julho, 4575 em São Paulo, eles podem ser encontrados aos montes. Isso porque o endereço abriga a sede da agência Rino Com que detém uma coleção dos bichos oriundos de diversas regiões do globo. São em media 140 no total, a grande maioria presente de amigos, clientes e até de parceiros, como é o caso da Icom, rede de agências independentes presente em 65 países, do qual a Rino faz parte. “Eles nos presenteiam com esculturas de vários países”, diz Rino Ferrari Filho, presidente da Rino Com.

Tem rinoceronte da África do Sul, do Quênia, de Gana. A variação também está no tamanho. Boa parte está numa vitrine, logo na recepção do casarão da agência, tantos outros espalhados pela empresa, e dois no tamanho original do mamífero no quintal. Assim como os animais que já estão se tornando história por conta da ameaça de extinção, as peças gigantes são fruto de uma campanha da Duratex, que chegou a patrocinar pelas ruas de algumas grandes cidades, em 2011, uma “Rino Parade”, inspirada na Cow Parade, em que esculturas dos animais em questão eram estilizadas por vários artistas e exibidas em espaços públicos. Ano passado, no entanto, a Duratex decidiu adotar uma outra marca, tirando o bicho de cena. As peças, no entanto, foram leiloadas pela companhia a fim de reverter o valor arrecadado a uma instituição, a Rino arrematou três rinocerontes. Um destes está no sítio do Rino Ferrari, pai, fundador da agência e quem deu início a coleção.

A Rino Com tem 53 anos. Na época de sua abertura, Rino (pai) buscava um nome para dar a agência. Foi aconselhado pelos amigos do mercado publicitário a dar o seu sobrenome sob a alegação de que já possuía o nome dele na agenda de contatos e assim facilitaria a comunicação. Também era comum naquele tempo as agências de publicidade herdarem os nomes de seus fundadores. E assim se fez. De acordo com Rino (filho), o nome Rino comum na Itália, serviu por muito tempo de gozação na escola. “Sempre sofremos na escola alguma gozação, tanto ele (pai) como eu. Chamávamos-nos de rinoceronte. Meu pai brincava dizendo para eu responder que rino ser hoje”, diz.

Na mudança para o atual prédio da Rino, há 17 anos, a imagem dos rinocerontes passou a fazer parte da marca da agência. Protagonizando peças isoladas, de aniversários, de cumprimentos a clientes, de pôsteres de fim de ano, entre outras. “Nesse meio tempo foi crescendo nossa coleção. Meu pai tem muitos, ele comprava e ganhavam alguns. Depois que passamos a utilizar o bicho como integrante da nossa comunicação isso se intensificou”, diz Rino Filho.

Segundo o presidente da Rino, além da imagem do rinoceronte, a agência acabou por adotar alguns valores do animal aos valores da empresa, como por exemplo, ele não dá marcha ré, no sentido de seguir sempre em frente. Foco, determinação, e persistência, também estão na lista, “A agência sabe ouvir o cliente muito bem, assim como os rinocerontes que tem uma audição acentuada”, ressalta. Sim os rinocerontes são herbívoros que não enxergam bem, porém tem ótima audição e olfato. Quando atravessa montanhas, sabe escolher o caminho mais fácil e mais rápido.

Outro envolvimento da Rino com os rinocerontes está no documental do fotógrafo brasileiro Érico Hiller que retrata a situação atual dos rinocerontes na África “A Jornada do Rinoceronte”, o trabalho mostra a beleza desses mamíferos e as dificuldades de pessoas e organizações que lutam contra o extermínio dessa espécie, em fotografia. A agência apóia o lançamento do livro de Hiller, que deverá ocorrer no próximo ano. “Ele faz um trabalho documental em defesa dos rinocerontes, não só dos animais, mas também do entorno onde eles estão inseridos. Está finalmente preparando um livro, em que nós estamos apoiando. Pensamos até em fazer uma noite de autógrafos na agência”, adianta.