Quem foi ao almoço que o Estadão ofereceu aos jurados brasileiros que julgarão as categorias do Cannes Lions’18, percebeu um número maiúsculo de jornalistas publicitários presentes e também convidados pela empresa anfitriã para essa reunião no Figueira Rubaiyat.

De fato, nos últimos tempos e graças principalmente às mídias digitais, aumentou de forma quase geométrica a quantidade desses profissionais, muitos deles não mais dependendo de empresas jornalísticas para exercer o seu ofício.

Já também que se considerar nessa observação, um bom número de profissionais de canais alternativos da televisão, porque os seus dirigentes perceberam que além da publicidade virar assunto do dia a dia dos brasileiros, há tempo a importância de se exercer a boa prática do goodwill com agências e anunciantes.

Lembro-me bem de quando comecei a escrever sobre propaganda, há exatamente 53 anos atrás, assinando inicialmente uma coluna semanal no Diário Popular (Asteriscos), iniciada em 21 de maio de 1965. Essa coluna cresceu, logo virou uma página e depois duas, até com o passar do tempo alcançar um caderno inteiro de oito páginas do jornal.

Esse fato, por si só, representou um despertar de interesse na classe jornalística da época, pois fui obrigado a recrutar três ou quatro profissionais ainda não especializados em publicidade, para contribuírem com o fechamento semanal do caderno, que curiosamente passou a ser conhecido no mercado como Caderno de Propaganda & Marketing.

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Apesar de a política brasileira andar confusa, preocupando a população diante da aproximação das eleições de outubro, a economia conseguiu se desgarrar um pouco da política e está dando sinais efetivos de melhora.

Isso favorece diretamente a publicidade, pois os grandes e médios anunciantes voltam a se animar diante das perspectivas de melhora nos seus índices de faturamento.

Nesse terreno, uma coisa puxa a outra: se o status do mercado favorece as vendas, os investimentos na comunicação do marketing tendem a aumentar, na certeza de que o país finalmente passou a viver uma reversão de expectativas.

A partir daí, surge outro fator positivo, gerado pela propaganda em si mesma: ao aumentarem os investimentos publicitários, com o público sentindo imediatamente esse avanço, o movimento crescente do mesmo colabora para melhorar o ânimo da população, que se atreve a comprar mais.

Esse fator acabará desaguando em aumento da presença da publicidade no mercado, gerando por sua vez mais negócios e consequentemente estimulando ainda mais a presença do ferramental publicitário na mídia em geral.

Trata-se de uma ação recorrente, onde cada etapa positiva redunda no maior incremento da seguinte. O mesmo se dá inversamente, quando uma crise (vamos bater na madeira três vezes!) se aproxima e vai fazendo minguar os investimentos dos anunciantes.

Não é sem razão que a atividade publicitária é envolvente e atrai cada vez mais o trabalho e o talento dos jovens para os seus quadros.

No Brasil, por se tratar de um mercado ainda relativamente novo e por ter só muito recentemente atingido e ultrapassado a casa dos 200 milhões de habitantes, a força da propaganda é crescente, produzindo resultados cada vez melhores.

Não é, portanto, sem querer que o Brasil se destaca nas premiações publicitárias internacionais. Teremos no próximo mês (junho) mais um Cannes Lions e, com certeza, nosso país estará entre os grandes campeões desse tradicional julgamento da qualidade criativa da publicidade mundial, anabolizado desta feita pela Copa do Mundo, sempre uma puxadora de grandes e boas campanhas publicitárias.