Várias multinacionais fizeram retrospectivas de sua comunicação, em especial sobre propaganda e ações promocionais, mas, nenhuma foi tão bem–sucedida quanto a Bayer no registro histórico em livro intitulado “Se é Bayer é Bom. Reclames da Bayer 1911-1942” lançado pela companhia em 1986 e relançado em 2005. Contem 228 anúncios do período referido.

A data de 1911, segundo o coordenador do projeto, Zélio Alves Pinto, irmão de Ziraldo, foi determinada em função do anúncio mais antigo encontrado nas coleções de jornais e revistas das bibliotecas e reproduzido na obra, publicado no jornal O Estado de São Paulo, no ano referido. Foi um pecadinho dos pesquisadores, uma vez que a Bayer já anunciava em nosso país desde 1901, nas publicações especializadas: no Brasil Médico há vários reclames da companhia, anúncios de página, divulgando seus produtos: Somatose, Aristol, Europhen, Licetol, Salol, e ainda__ a não tão popular naqueles idos__ Aspirina.

Feita a ressalva da cronologia, faço outra quanto a afirmação de o slogan que da o título a obra “Se é Bayer é bom” ter sido criado em 1922 pelo poeta Bastos Tigre, por influência da Semana de Arte Moderna e na “sua efervescência”. Em primeiro lugar não houve qualquer influência da Semana na propaganda da Bayer e em segundo lugar esse slogan só passou a ser usado pela companhia a partir de 1930, por tanto, oito anos após. Lembrando que o slogan, já tive a oportunidade de escrever ao respeito, é uma releitura do slogan dos anúncios do Ortizon da Bayer: “Este que é o bom”.

Ressalvas aparte, interessa mesmo destacar o esforço da companhia e o empenho de seus dirigentes em fazer um resgate histórico de seus reclames até o ano de 1942, quando no calor da intolerância em torno da guerra, a empresa foi desapropriada pelo Governo Vargas. Cabe destacar que o período cobre apenas anúncios com ilustração, a empresa valorizava muito o desenho e por algum motivo não investiu na técnica fotográfica que na década de 40 já era comum nos anúncios de revistas de outras empresas. Nesse sentido a sua propaganda foi conservadora.

Essa prioridade pela ilustração fez com que a Bayer apostasse no talento dos bons ilustradores e de artistas gráficos com bom domínio do leiaute. Na década de 1920, por exemplo, há uma tendência de destacar os títulos capitulando as letras com efeitos que hoje chamaríamos de 3D. 

A Bayer ao registrar os seus reclames em livro fez jus ao famoso slogan. O livro da Bayer é bom por que é da Bayer.