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Não é nenhum segredo que as corporações e marcas de luxo estão desempenhando um papel cada vez mais importante no financiamento de obras de arte, artistas e instituições artísticas e culturais em todos os cantos do mundo.

Com o financiamento estatal para as artes diminuindo constantemente na Europa, e quase inexistente nos Estados Unidos, alguém tem de compensar essa lacuna.

Mas qual é o rumo certo para as marcas tomarem quando procuram melhorar o engajamento com arte e cultura?

E vamos encarar a visibilidade junto à elite econômica mundial que acompanha isso?

A maioria ainda se envolve com patrocínios clássicos, premiações e comissões no nível de produto, convidando artistas a criarem algum aspecto de um produto ou experiência de marca intimamente alinhado à sua oferta ao consumidor.

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Dito isso, todo um novo subsetor está surgindo em torno de comissões e patrocínio de arte – parcerias onde as marcas se envolvem em todo processo criativo.

Nesse artigo quis trazer alguns desses exemplos, para inspirar o nosso mercado a criar mais projetos experimentais assim.

Além de ser sempre mais interessante trabalhar com algo novo, onde tem espaço para experimentação e fracassos.

O primeiro exemplo é a parceria que Spotify firmou este ano com a 33ª Bienal em São Paulo, tornando-se o player oficial da mostra de 2018.

Essa iniciativa claramente mostra os benefícios para ambas as instituições, onde a Bienal consegue oferecer ao seu público uma experiência de visita muito mais rica, e o Spotify tem chance de engajar com a elite que aprecia arte, potencialmente ganhando os novos clientes.

Segundo exemplo, novamente de Bienal, mas dessa vez de Veneza, é a instalação da Giardino Dell’Eden, que Joana Vasconcelos junto com Swatch construíram em 2015, durante a 56ª Venice Biennale.

Aqui podemos observar uma marca procurar um artista que já falava o idioma dela para fazer um projeto juntos. Para Swatch era a oportunidade de mostrar que plástico pode ser material nobre, e para Joana, que se especializa em instalações de grande porte, de explorar o trabalho com plástico como material principal. O resultado foi uma obra imersiva feita de flores luminosas de plástico, que derruba a visão tradicional do jardim e destaca a adoção da marca do não-convencional.

O terceiro exemplo mostra novos usos dos espaços de varejo para a arte, que está definitivamente em ascensão. Aqui tenho duas iniciativas para citar: Espace Louis Vuitton, em Veneza (e em mais quatro cidades ao redor do mundo), e Red Bull Station, em São Paulo. Os dois são diferentes, porém ambos mostram um relacionamento de longo prazo das marcas com cultura e arte. No caso de Louis Vuitton, queria especificamente destacar a instalação de Tilo Schulz no espaço cultural no topo da loja em Veneza, onde ele podia usar a galeria para expor suas obras durante a Biennale.

Em relação ao Red Bull Station, é um espaço fixo que a marca possui, por momento, somente na cidade de São Paulo, onde são realizados vários eventos e residências artísticas, tudo para se engajar com o público que tem afinidade com arte e cultura, que normalmente é bastante desafiador de alcançar.

Podemos, certamente, observar um crescimento e evolução nas parcerias das marcas com artistas e instituições culturais, mas vale a reflexão: de como incentivar e desenvolver cada vez mais projetos que contemplem essa dinâmica, estabelecendo uma troca real com os seus consumidores e uma relação justa entre os artistas e as empresas.