Meu trabalho não é exatamente o que você costuma ver por aqui, mas a minha inspiração faz parte do seu dia a dia e da vida de todo mundo: comida.

Nem sempre foi assim. Quando ganhava mesada do meu pai, que fazia questão que eu gastasse com o almoço, tomava bronca porque comprava uma roupa nova. Minha mãe também fala que, quando eu era pequena, preferia brincar e conversar em vez de comer. Até que um dia (e nem sei dizer que dia foi esse) uma chave virou na minha cabeça e eu passei a olhar para comida com muito mais curiosidade. Tanto que fui para a faculdade de Nutrição e, a partir daí, minha prioridade e meu propósito sempre estiveram ligados à boa alimentação.

No começo, entender o papel do alimento na saúde era o que me intrigava, mas meu apetite foi ficando cada vez mais voraz. Então saí em busca de algo que me instigasse de verdade, em áreas diferentes da nutrição e fora dela. Por causa do meu interesse em gestão, me desafiei num programa de trainee corporativo que virou meu plano de carreira. Mas, depois de muita ralação, cheguei aonde eu queria só para descobrir que não era nada daquilo que eu precisava. A frustração me fez entrar numa espiral de pensamentos negativos e, nessa época, juro que achei que até morar na rua eu iria.

Pensando seriamente nisso, percebi que passar frio, não ter uma cama, não era o que me assustava, mas sim a ideia de ver um prato e não poder comer. Além da fome, eu tinha medo de nunca mais sentir novos sabores, experimentar outras culturas ou me relacionar com os amigos em volta de uma mesa. Isso me deu um clique.

Aí posteriormente veio a Liv Up e, com ela, a chance de disseminar o que eu acredito que seja a comida e todas as possibilidades. Tudo isso rodeada de muita gente determinada e inquieta. Hoje, consigo mostrar para as pessoas que comer bem não é monótono nem difícil, que ninguém precisa ser “fit” para ser saudável, que proteína não é só frango, carboidrato não é só batata-doce. E, para minha sorte, eu sou responsável pela área que faz também o relacionamento com o cliente, o que me dá a oportunidade de espalhar essa ideia através de uma experiência positiva e divertida, não só através da comida, mas em todos os pontos de interação dos nossos clientes conosco: site, entrega, embalagens, etc. E quando eu recebo um e-mail de alguém contando a sua história com a gente, dá para ver que estamos no caminho certo.

Certa vez, uma moça me enviou um e-mail perto do dia da entrega para garantir que eu não colocaria a nota fiscal junto com o pedido porque aqueles pratos não eram para ela – eram para uma amiga que estava passando por um momento ruim e precisava se cuidar (ela mesma estava bem longe, em Doha). Quando eu passei por um momento desses, tive uma amiga pra cuidar de mim, então a situação me tocou bastante. Por isso, junto com os produtos, ainda mandamos uma cartinha dela, que eu reescrevi à mão, e ficamos sabendo que o presente deu supercerto. Esse é um belo exemplo do poder que a comida tem de mostrar afeto e animar o dia de alguém.

Outro caso especial envolve uma cliente que decidiu apresentar novos alimentos para o filho. É um sufoco fazer criança comer bem, mas ela transformou nosso hambúrguer de ervilha no hambúrguer do Hulk e foi um sucesso. Num e-mail fofo, ela contou que ele tinha curtido muito e queria saber se existia a versão do Capitão América, e respondemos com nosso hambúrguer de fraldinha e um gorro do super-herói. A reação foi muito gostosa, melhor do que a gente pudesse imaginar!

Isso tudo só ocorre porque eu entendi, depois de tudo que passei, que o mais importante é a experiência! Claro que queremos servir pratos gostosos e nutritivos. Mas, como eu já disse, comida não é só isso, nunca foi. O que antes era uma demonstração de cuidado do meu pai, depois um rumo para os meus estudos, agora também é a nossa maneira de entrar na casa e na vida das pessoas para levar uma mudança de hábito e estilo de vida, uma ajuda bem-vinda na correria da semana.

E isso sim me satisfaz. É isso que me alimenta.

Viviane Kim é head de customer success da Liv Up