Estudo do Itaú Unibanco mostra que os meios por aproximação se destacam com aumento de 375% no valor transacionado nos primeiros três meses do ano

A queda da atividade econômica provocada pela Covid-19 ostenta números tão acentuados quanto a retomada. Represado durante a pandemia, o consumo com esporte e lazer tem na prática do beach tennis um dos exemplos mais emblemáticos na Análise do Comportamento de Consumo, relatório que traz um panorama dos gastos dos brasileiros no primeiro trimestre de 2022.

O levantamento, apresentado pela economista Julia Gottlieb e pela diretora-executiva da Rede, Paula Cardoso, é feito com base nas compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco e nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco.

As quadras de beach tennis estão entre os principais símbolos da conjuntura de recuperação. Encabeçam o movimento com alta de 330% no valor transacionado e de 355% nas operações, enquanto os gastos em quadras esportivas registraram aumento de 126% no valor transacionado no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2021. Já a pescaria teve um salto de 528% no consumo no período analisado pelo estudo.

Turismo (150%), cultura, esporte e lazer (74%), posto de combustível (69%), vestuário (68%), locomoção e transporte (60%), alimentação e bebidas (40%), educação (51%), veículos (45%), saúde e bem-estar (34%) são os setores que mais tiveram crescimento no consumo no trimestre.

Nas formas de pagamento, os meios por aproximação se destacam com crescimento de 375%, ao lado do Pix, que avançou de 262% no valor transacionado e 614% na quantidade de operações no período, considerando transações realizadas de pessoa física (CPF) para pessoa jurídica (CNPJ). Atualmente, representa 11% das movimentações. Cartões de crédito ficam com 62% de participação, seguidos pelos cartões de débito, com 27%.

O Itaú Unibanco estima um crescimento de 1% do PIB em 2022 (Eduardo Soares/ Unsplash)

Um dos mercados mais castigados na pandemia, o setor cultural também retoma o seu vigor. Os teatros, por exemplo, tiveram um incremento de 526% no valor transacionado nos primeiros três meses do ano e 383% na quantidade de operações.

O número ainda não supera o período pré-pandêmico, mas já está próximo. Passeios aos zoológicos e aquários também fizeram parte do entretenimento das famílias com alta de 109% no valor transacionado e de 91% na quantidade de operações.

O valor transacionado no varejo continua superando os níveis pré-isolamento, com aumento de 28% no primeiro trimestre de 2022 ante o mesmo período de 2021. Na comparação com o mesmo período de 2020, o crescimento foi de 40%; sobre 2019, de 56%.

As compras no varejo físico equivalem 77% do volume em faturamento no primeiro trimestre de 2022. Já as transações online ficam com 22% do bolo, mas segue tendência de crescimento em níveis superiores ao período pré-pandemia.

No ambiente físico, os gastos cresceram 26% no período analisado (comparando com 2019, o aumento foi de 42%). Já o valor gasto nas compras online subiu 38%. Na comparação com o mesmo período de 2020, a evolução foi de 84%, e ante 2019, de 126%.

Do legado da pandemia, vem a consolidação dos cursos online, que seguem tendência de crescimento, com alta de 39%. Quando comparado com o ano de 2020, o aumento é de 88%.

Contexto
O Itaú Unibanco estima um crescimento de 1% do PIB em 2022. Segundo o banco, o consumo deve ficar mais aquecido no primeiro semestre que na segunda metade do ano, impulso vindo dos efeitos temporários da retomada pós-pandemia.

Pressões inflacionárias e altas de juros agravam o cenário, não só nos países emergentes como nos desenvolvidos. "Essa realidade reflete a quebra das cadeias de produção durante a pandemia", lembra Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco.

Apesar das tentativas de compensar perdas com programas de auxílio de renda, a guerra da Rússia contra a Ucrânia, entra como outro fator decisivo para gerar desaceleração global.  No Brasil, a atividade econômica tem se mostrado resiliente, puxada pelo segmento de serviços. Mas segue influenciada pela inflação, que atingiu o pico de 12,1% em abril.