Tiago Vargas, que assumiu a direção da empresa há pouco mais de um ano e meio, tem a missão de integrar todas as agências

Engenheiro por formação com início de carreira e longa passagem na Accenture, Tiago Vargas assumiu a Dentsu Brasil há cerca de um ano e meio com a missão de integrar todas as agências. Depois desse processo de reestruturação, cuja expertise em consultoria foi fundamental para  implantar um modelo de operar sob uma gestão “matricial”,  independente de marca e com capabilities, o executivo afirma que o momento agora é de expansão.  

“Este ano, a gente tem o objetivo de crescer com novos clientes e tudo mais, mas muito dentro dos serviços core, de criação, mídia e tecnologia”, destaca ele. Na entrevista a seguir, Vargas também fala sobre como o seu mindset de consultoria ajudou na reorganização de processos dentro do grupo e dá a sua opinião sobre como a inteligência artificial vai melhorar a produtividade e os próximos passos.

Como foi 2023 para a Dentsu?
A gente teve um ano bom. Não foi tão bom porque era um final de um processo nosso de reorganização. Mas foi muito bom em termos de resultado. Passamos aquilo que a gente havia se comprometido e agora temos um time muito legal, cada um dentro do seu lugar, sabendo como tem de fazer um trabalho de forma muito integrada. E esse é um ano para crescimento. A gente vem num processo de recuperação durante muitos anos. Crescemos muito por aquisição. E aí uns quatro anos atrás o grupo começou o processo de reorganização, de enxugar. E há um ano e meio, quando eu assumi, juntamos todas as marcas e ficamos com a marca Dentsu. E a gente tirou todas as posições que eram duplicadas na liderança. Simplificamos e colocamos uma linha de report e mudou para uma organização matricial, independente de marca, o que a gente chama de capabilities.

Tiago Vargas, managing director da Dentsu Brasil (Divulgação)

Temos cinco: a capability de tecnologia, de mídia, de criação, data & analytics e de estratégia. E uma cross, que é a área de negócios. E essa cross é justamente entender qual é a dor do cliente. E, obviamente, quando você faz todo esse processo de junção, demora um pouquinho para começar a trabalhar da melhor forma possível. E esse processo demorou de uns seis a oito meses para começar a engrenar, no que diz respeito a trabalhar em time, principalmente para fazer pitches. Mas, no fim do ano passado, por exemplo, ganhamos dois clientes (que ainda não podem ser revelados por questões contratuais). E estamos participando de vários pitches. Normalmente, o primeiro quarter é mais devagar. Mas estamos com Ajinomoto e Amstel no ‘Big Brother Brasil’, o que é bem legal. Então, a gente está muito nessa vibe de crescimento.

E tem novidades no time?
A gente acabou de trazer o Dolla (Ricardo Lima) como novo CCO para cuidar da capability de criação. E ele não é só um criativo. Ele é um cara que vai ajudar a agência a crescer a área de criação, que vai para o mercado ajudar a abrir portas e fazer a gestão da equipe da melhor forma possível. O grande mindsight é crescer este ano.

Quantas pessoas estão na operação hoje?
Hoje, tem quase 500 pessoas, considerando as três empresas que são parte do grupo também: Tag, DWS e Navegg. A Navegg é uma plataforma de CDP e o maior provedor de audiências para o mundo digital na América Latina. E tem o time da Tag, adquirida no ano passado, que faz produção de conteúdo em escala. A Tag no Brasil tem uma operação de umas 50 a 60 pessoas, que fazem conteúdo para grandes clientes, como Unilever e outras marcas globalmente. Tudo que é para a América Latina é a Tag no Brasil que faz, é a especialidade dela. E tem a DWS, uma software house, que fica no sul do Brasil, em Porto Alegre. Ela presta bastante serviço para Europa, Estados Unidos e Brasil. Então, tudo que é tecnologia, app, web, inovação e IA, é feito dentro desse hub. Esse movimento de reestruturação e integração das marcas da Dentsu é global. No Brasil, operamos com Dentsu e iProspect. iProspect muito por conta de Heineken e porque tem clientes do mesmo setor.

E como os clientes receberam essa integração?
Inicialmente, todo mundo acha que é um caminho para redução de custo. Mas, no final, você trazer a integração das marcas dentro de uma liderança única dá muito uma cara para a agência. Hoje, não temos um modo de operar de mídia da NBS, mcgarrybowen ou Dentsu, temos um só modo de operar mídia, que é muito focado em eficiência. A gente acredita que mídia é tudo sobre eficiência. A inovação por inovação não existe. Existe inovação com foco em buscar otimizar e melhorar a performance de uma determinada mídia, com um norte único. Quando os clientes começaram a ver essa atividade entenderam que fazia sentido ir nessa direção.