O que inspira Renato Pereira, sócio e CCO da REF+?

E se a inspiração vier do dia a dia, da montanha de informações a que somos submetidos diariamente, a todas as horas e segundos? 

Parece-me que há um desejo de supervalorizar a inspiração, buscá-la sempre em um ambiente externo, em algum lugar distante.

Para mim, ela está no cotidiano, pode chegar em forma de conteúdo que transita por smartphones, tablets ou computadores, em um almoço rotineiro, caminhada pela cidade ou em um bate-papo com os meus filhos.

E mesmo, para além dos meus gostos e bolhas, ao assistir a programas de TV, visitar redes sociais e influenciadores digitais diversos.

Essa variedade e pluralidade de fonte de informações e experiências, ainda mais nos dias de hoje, pode soar com a receita para uma criatividade caótica.

Como dizem, a nossa atenção nunca foi tão disputada e prender a atenção dos consumidores nunca foi tão complexo.

E é efetivamente um desafio para a área de criação, mas precisamos, enquanto profissionais e criativos, ter um olhar acurado, treinado para filtrar o que cabe para a nossa realidade.

Cada situação vivenciada, pessoas novas que você conhece, lugares, livros, músicas e filmes são como combustível em potencial para uma próxima ideia. Esse caldo cultural de fontes e referências nos possibilita ir além sem cair no senso comum.

Como dito, esses elementos são referências – não cópias – e funcionam como gatilhos na construção de mosaicos, de novas estruturas, com verdades próprias, no dia a dia criativo.
Todo esse cenário pode ser encarado como uma oportunidade para buscarmos inspiração e conseguirmos sucesso em nossas campanhas e estratégias.

Para isso, devemos trabalhar com filtros, métodos que nos auxiliem no processo de captação e armazenamento criativo.

Muitas pessoas andam com um caderno anotando as suas ideias, outras optam por fotografar, conversar em grupo, assistir a filmes ou até mesmo ouvir uma música.

Particularmente, uso um software para a organização de informações pessoais que arquiva notas, além da boa e velha memória. No meu caso, registros de cenas cotidianas, filmes ou experiências.
Cada ideia, insight que julgo relevante, guardo lá e revisito de quando em quando, o que me auxilia nos processos criativos.

Um exemplo é a campanha de Despegar.com para a Colômbia, cuja inspiração veio do filme Birdman, dirigido pelo Alejandro Iñárritu e ganhador do Oscar.

Tinha na memória uma cena em que o personagem Riggan Thomson passa por vários cenários em uma sequência sem corte.

Para a campanha, utilizamos no comercial um plano sequência ao mesmo estilo, com duas celebridades colombianas passando por diversos cenários, como cozinha, avião e o hall de entrada de um hotel.

É essa inspiração, refletida e pensada a partir do nosso dia a dia, que nos aproxima da realidade das pessoas, que conversa com uma sociedade em transformação, que aprende a falar dos babies boomers aos millennials ou os pós-millennials, como os meus filhos.

Esse é o meu mundo criativo, de um colecionador de histórias e acontecimentos.

Renato Pereira, sócio e CCO da REF+

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