O cinema vai acabar, o rádio vai acabar, a TV vai acabar... Ao longo dos anos ouvimos frases feitas sendo repetidas como se fossem verdades absolutas. O cinema ia acabar há anos, assim como o rádio, que iria por água abaixo. A TV é agora a nova vítima do discurso alarmista. No mercado norte-americano, o maior mercado de mídia do mundo, o número de residências com TV continua a crescer em um ritmo constante. De acordo com as últimas estimativas, havia 123,8 milhões de residências com TV no país durante a temporada de transmissão de 2022-2023, número bem maior que os 102 milhões estimados no ano de 2000.

Quando falamos em TV, importante destacar que o foco aqui é a TV aberta. Nos EUA, a TV por assinatura está se tornando menos popular a cada ano. A indústria de TV por assinatura dos EUA vem enfrentando uma batalha difícil por conta da proliferação dos serviços de vídeo e plataformas de streaming over-the-top . Por exemplo: o número de domicílios com TV paga nos EUA caiu de 101 milhões em 2013 para cerca de 65,1 milhões em 2022 (Fonte: Portal Statista).

O fenômeno se repete no Brasil: aqui, em maio deste ano, o share de audiência de TV aberta era de 75%, contra 11,5% da TV paga (dados da Kantar Ibope Media). O "Estudo Target Group Index" da Kantar revelou ainda que 75% do público gosta de "relaxar assistindo TV", enquanto 56% "acham que a propaganda na televisão é interessante e proporciona assunto para conversar". 40% dos entrevistados dizem que a TV é a principal fonte de entretenimento, enquanto 31% usam a internet de forma "complementar": "enquanto assistem TV, os entrevistados fazem busca na internet sobre os produtos anunciados".

Ou seja, uma mídia complementa e reforça a outra, e não a exclui. Além disso, 51% confiam na informação da TV para se manterem informados. Em tempos de fake news, a televisão acaba por chancelar a qualidade da informação. Contra números não há argumentos. E estes não me parecem dados reveladores de que a televisão "vai acabar".  

Thomaz Naves é publicitário e diretor de marketing e comercial da RecordTV Rio