Começo este texto em um momento mais corriqueiro do meu dia. Durante a minha ida ao trabalho, sempre me deparo com trabalhadores uniformizados, limpando a rua. Aqueles uniformes sempre me chamam a atenção. Não somente pela “faixa refletiva”, mas por tudo que aquele sinal representa. Sempre me pego pensando que um uniforme vai muito além de uma identificação, ele veste e alimenta muitas famílias e sobre esse propósito, que visamos trabalhar o branding de uma marca. A emoção e a forma como nos relacionamos com o público-alvo representa o que queremos comunicar, transformando a expressão em personalidade.

Dando uma volta no tempo, conseguimos identificar vários momentos em que a moda ditou status e tendência, só ainda não tinha o nome bonito que hoje usamos: branding. D. Luís XIV, (1638-1715), rei da França, por exemplo, durante seu governo adotou a peruca branca que passou a indicar as diferenças sociais entre as classes, tornando-se sinal de status e prestígio. Mas, claramente, isso tinha um propósito inicial que era esconder a calvície dele, simples assim. Isso faz todo sentido quando tentamos comunicar pilares de marca para chegarmos a um só objetivo.

Mas por onde começar? Tenho uma dica. Que tal começar a fazer exercícios para tentar entender cada adjetivo que faz parte do mundo da sua marca? Reúna todos sem se preocupar com a quantidade, depois vem a parte mais difícil, escolha somente três indispensáveis. Pronto, agora podemos começar o trabalho, numa primeira fase vamos entendendo todos os elementos visuais, sons, texturas e sensações que um consumidor experimentaria ao envolver-se com a marca.

Lembrando que os outros adjetivos serão o recheio de toda sua comunicação. Agora, sim, podemos começar a falar sobre a tão famosa palavra “branding”. Um branding bem pensado pode ajudar a gerar margens de lucro maiores. Existem diversos produtos idênticos na indústria da moda, onde realmente o que se sobressai, além da etiqueta e um propósito bem definido, é a percepção e o acolhimento da marca.

Olhando de uma forma onde a etiqueta dita o mercado, tenho minhas ressalvas ao concordar com a maioria dos artigos que vemos por aí, e posso aqui citar alguns exemplos que me fizeram refletir. Estudando um pouco sobre moda, não tem como fugir da princesa Diana, a mais amada da família real britânica. Ela aprendeu a fazer seu guarda-roupa e da sua personalidade uma marca, que contou com ajuda da estilista Catherine Walker.

A princesa Diana dominava a arte de usar em sua vestimenta o que realmente queria transmitir e sem medo de quebrar tabus da cartilha real. Ao visitar hospitais, vestia cores luminosas para parecer mais acessível e feliz por estar ali vivendo o momento. Nas visitas ao exterior, usava peças inspiradas nas cores nacionais, como o vestido branco com bolinhas vermelhas, que usou no Japão em 1986.

Algo muito assertivo e estudado e, até posso dizer, com uma apurada percepção, recusou-se a usar luvas, como fazia sua sogra, a rainha Elizabeth II. A mulher mais fotografada de sua época, aparecendo em todos os tabloides apertando a mão de pacientes com Aids, em 1987, o que ajudou a acabar com certos mitos que cercavam a doença, como o do contágio ao menor contato.

Prestar atenção nos simples detalhes e em como uma empresa deve se comportar e se mostrar através de seu vestuário, faz toda a diferença, além de criar conceito e pilares para a companhia. Cada vez mais estamos percebendo esse cuidado nas corporações. Não somente devemos gastar energia em contar uma história e transmitir uma mensagem através dos meios de comunicação mais tradicionais. Desde sempre, a moda vem revelando e quebrando tabus de toda uma geração, e a empresa que busca ter esse pensamento estará sempre à frente na sua comunicação. Pensar e vestir seu principal influenciador como embaixador da sua marca é o passo número 1 para qualquer início de sucesso de comunicação e posicionamento de marca.

Felipe Argon é diretor de marketing da Cia Mandarine