O cotidiano da gestão de publicidade e marketing está atrelado ao vaivém de imensos volumes de informação. Porém, a inteligência artificial (IA) está simplificando algo complexo e trazendo grandes benefícios, tanto na identificação de padrões nesse universo de dados, quanto na otimização de diversos processos. Para quem planeja ou compra mídia, bem como para a monetização do inventário de publicidade, o momento apresenta novo horizonte com mais eficiência e maior geração de receitas no fim do dia. As oportunidades são claras para publishers, agências e anunciantes.

Nos meios digitais, parametrizar, testar, medir e avaliar em ciclos continuados são processos indispensáveis para evoluir. Nada vai mais ao encontro desse fluxo do que o uso da IA, processando enorme quantidade de dados de uma base preexistente para ordená-los de forma a permitir melhores insights, com previsão de movimentos futuros com maior precisão e eficiência.

O ambiente nunca foi tão favorável para considerar o comportamento passado da audiência e realizar um prognóstico de consumo de mídia e solidez dos conteúdos, entre outros aspectos para determinar disponibilidade e preço do inventário para publicidade, com ajustes em tempo real, gerando mais oportunidades de incrementar a eficiência de custos e rentabilidade para os publishers.

Na automatização de alguns processos, recursos de machine learning agregam muito na identificação de padrões e potencializam prognósticos a partir de sua capacidade de aprender e tomar decisões.

Já para os vídeos digitais os recursos de IA podem impactar a monetização de várias formas. O creative automation review, por exemplo, identifica e classifica corretamente as peças criativas, a partir das características das imagens e textos nos conteúdos, para direcionar as peças às audiências mais adequadas. Desta forma, a solução melhora os fluxos de trabalho para TVs conectadas e serviços OTT ao proporcionar alternativa automatizada, escalável e flexível ao processo de revisão criativa.

Os passos do setup da campanha e o ritmo da veiculação também são beneficiados pela IA, automatizando um processo que sempre foi muito manual, com mais eficácia nos elementos de entrega, mantendo a campanha dentro dos parâmetros preestabelecidos. Anunciantes também ganham, não somente pela maior precisão de entrega das peças, mas com melhores condições para personalizar e direcionar campanhas a audiências específicas.

As possibilidades são incríveis, mas ainda é primordial a gestão humana para proporcionar dados corretos e suas devidas aplicações, bem como para guiar os sistemas dentro da rota. Além disso, recursos de IA ainda não estão adaptados para alguns fatores. Imagine o trabalho em um país como o Brasil, com ampla diversidade cultural e regional. É necessário sensibilidade em relação aos conteúdos publicitários, com ajustes que levam em conta costumes e tradições locais. Em uma estratégia para a América Latina, por exemplo, é preciso acrescentar o fator idioma à equação.

Obviamente, explorar a IA envolve desafios incluindo preocupações éticas relacionadas à privacidade de dados e à transparência do bias, bem como dificuldades de integração das ferramentas de IA com o workflow tecnológico já existente nas empresas.

Estabelecer diretrizes relacionadas à ética e promoção da transparência nos processos de IA ajudam, bem como monitorar os sistemas e investir em soluções escaláveis. No caso da integração de tecnologias, vale buscar parceiros com ferramentas de IA reconhecidas pela confiabilidade e qualidade. É preciso ter em mente, ainda, que usufruir os benefícios da IA e avaliar seus ganhos exige reconhecer a natureza probabilística dos seus resultados, passando por avaliações centradas no usuário. Outro ponto decisivo é a incorporação de processos de experimentação e refinamento, não somente para avaliar a IA, mas visando a identificar áreas de melhoria. O papel da IA avançará exponencialmente nos próximos cinco anos. As vantagens no ecossistema de mídia para vendedores, anunciantes e usuários finais serão mais do que evidentes. Uma revolução na qual o céu é o limite está em curso e quem quer permanecer competitivo não pode ficar à margem.

Rafael Pallarés é vice-presidente da Magnite para a América Latina
rpallares@magnite.com