O propmark escolheu dez lideranças femininas de destaque no mercado publicitário brasileiro para fazer uma homenagem em referência ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Nesta edição, elas falam sobre suas conquistas e também sobre os avanços e desafios no que diz respeito à participação das mulheres no setor.

Em comum, elas relatam que, apesar do progresso, as mulheres ainda precisam reafirmar constantemente sua capacidade profissional. No mercado publicitário, a representatividade feminina ainda não atingiu os 50% nas lideranças de todas as agências de publicidade. Além disso, hoje, homens e mulheres que exercem os mesmos cargos  não têm a mesma remuneração.

No fim do ano passado, houve um movimento forte de contratação de mulheres para cargos C-level, como Karina Ribeiro, designada como CEO da VML no Brasil, após a fusão entre VMLY&R e Wunderman Thompson. Pouco antes, teve o anúncio da ida de Renata Bokel para o lugar de André França na presidência da WMcCann. E, por fim, no início de 2024, Carol Boccia assumiu como copresidente da BETC Havas.

Na área de criação, um dos departamentos mais masculinos das agências, também há exemplos recentes de mais mulheres em cargos de lideranças. Dani Ribeiro assumiu como CCO da WMcCann e Mariana Sá, que já teve passagens por outras agências como líder criativa, passou a ocupar neste ano a cadeira de co-CCO da Africa.

Mas as criativas observam que a área de criação, particularmente, demanda uma atenção constante para superar os desequilíbrios históricos e inspirar as novas gerações.

“Aumentar o número de lideranças femininas é crucial para inspirar uma nova geração de mulheres a acreditar que esses cargos também são delas”, pontua Mariana. “Precisamos de mais exemplos inspiradores para aumentar a representatividade das mulheres nessas posições e, assim, diminuir a disparidade de autoconfiança que historicamente existe entre homens e mulheres”, completa ela.

Outro ponto de atenção é a questão do etarismo. Rita Almeida, head de estratégia da AlmapBBDO, do alto dos seus 63 anos, afirma que seu chamado é que, “paralelo ao movimento de gênero, as empresas comecem a repensar a diversidade etária. Intergeracionalidade é a grande solução para que as empresas abram suas portas para as pessoas mais velhas”.

Assim como já foi provado por diversos estudos que diversidade traz mais resultados para os negócios das empresas, vale ressaltar que o mesmo ocorre com o aumento da participação feminina em cargos de liderança.

Estudo da Ernest Young aponta que empresas com ao menos 30% de liderança feminina têm um aumento de 15% na lucratividade. Outra pesquisa, da McKinsey & Company, mostrou que empresas com mulheres na presidência ou vice-presidência chegaram a 47% de aumento na margem de lucro.

“Além disso, de acordo com o IBGE, mais da metade dos domicílios brasileiros são chefiados por mulheres, responsáveis por 85% das decisões de compra. Nesse cenário, fortalecer o papel das mulheres em cargos de liderança no mercado é também uma forma de compreender os anseios e demandas de um público consumidor cada vez mais feminino”, traz Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade da Globo. Para ela, mulheres em cargos de liderança se tornam exemplos e referências.

Gabriela Onofre é outro exemplo de ascensão recente de liderança feminina no mercado. Ela, que tem uma carreira de 25 anos em clientes, foi para o outro lado do balcão e assumiu como CEO do Publicis Groupe no Brasil em agosto de 2023. Na seção Entrevista desta edição, ela fala sobre a reestruturação em curso nas agências da holding e seu modelo de gestão. Segundo a executiva, “ninguém faz nada sozinho”.

Frase: “A propaganda é a alma do negócio.” (domínio público).