Cada rede social tem suas próprias métricas e composição de público. Para ver isso claramente basta olharmos o quanto que pessoas mais maduras (Geração X e Baby Boomers) estão adaptadas principalmente ao Facebook, como os Millenials utilizam majoritariamente o Instagram e como a Geração Z é predominante no TikTok. Assim sendo, o influenciador digital tem uma composição de audiência divergente em cada ferramenta, muito devido a forma de consumo do conteúdo entre elas ser bastante diferente a priori.

Se por um lado as várias opções de plataformas abriram um mundo de possibilidades de sinergia, e criação de potentes campanhas crossmídia e transmídia, elas também cobram seu preço por exigir do criador de conteúdo, consistência, constância e um grande conhecimento de cada um dos seus públicos, além de direcionamento do seu tempo ao desenvolvimento de conteúdos exclusivos para cada rede.

Mas como o influenciador pode acertar no formato nessa era multicanal?

Isso depende do seu contato com a rede. A grande questão é a adaptação à ferramenta e o propósito de estar ali. Não é obrigatório ao influenciador estar em todas as redes. Mas para estar precisa testar sua capacidade em lidar com diferentes propostas, e estar aberto a errar rápido e corrigir mais rápido ainda, dedicar tempo e ampliar sua capacidade criativa. Mas, acima de tudo, é importante entender onde concentrar energia e esforços para posicionar sua marca ou ampliar seu alcance.

O ideal é que a cada movimento o influenciador se adapte com uma equipe e estrutura por trás dele (assessoria) e que tenha o tempo hábil para planejar de forma consistente sua abordagem e conteúdo, diminuindo assim possibilidades de frustrações, ansiedade e expectativas míopes. Porque, às vezes, também nem tudo depende do influenciador e nem do público e, sim, de como a plataforma integra os dois.

Ao lançar o Threads, a Meta (controladora do Facebook e Instagram) conseguiu uma adesão avassaladora. Essa massa de pessoas saiu da linguagem do Instagram para uma nova parecida com o X (antigo Twitter). Essa adaptação não é simples e isso se prova nos números: em um mês de lançamento o Threads perdeu metade dos usuários.

Toda nova ferramenta deve ser atrativa, familiar e receptiva à migração de outra plataforma a ponto de conseguir manter a adesão e considerável tempo de navegação. Além disso, em contrapartida o próprio criador de conteúdo precisa achar o tom nessa nova rede.

E justamente nesse ponto temos um acerto que fez que o Threads ainda conseguisse segurar uma base parruda: a praticidade dele ao estar vinculado ao Instagram de forma intuitiva e alimentando os usuários dos mesmos criadores de conteúdo que ele já havia selecionado para fazer parte do seu consumo. Isso com certeza terá papel fundamental em sua consolidação e ampliação do seu público.

Posicionar a marca da nova rede e formas de atrair o influenciador com recursos interessantes é fundamental, caso contrário pode-se ter o mesmo destino do Google Plus desativado em 2019 por sua baixa adesão (90% dos usuários ficavam menos de 5 segundos no site). Afinal, nesse momento o mercado está mais exigente que nunca e as pessoas buscam informação e/ou entretenimento imediata e de qualidade em ferramentas intuitivas e com fontes adaptadas a suas necessidades de consumo.

Isabela Soller é CEO do Grupo Soller