Você saberia dizer o que existe em comum entre as milhares de inteligências artificiais disponiveis hoje? Se quiser fazer uma pesquisa sobre a maioria delas, entre e pesquise uma IA perfeita para você em There's An AI For That.

Enquanto todos subiam e desciam as escadas rolantes da Torre de Babel do SXSW tentando alcançar o estado divino da omnisciência, eu pensava sobre esse tema, sobre o que todas essas ferramentas inteligentes possuem em comum.

E a resposta é que todas são inúteis se você não fizer a elas a pergunta certa. O pedido correto. Com o vocabulário técnico adequado e com a ênfase artística ou de negócios inerente ao resultado esperado. Cada palavra ou sinônimo escolhido podem fazer a diferença no seu pedido. Inclusive o estilo também altera.

E que interessante essa coisa da palavra voltar a ter esse poder. Usar corretamente a linguagem é quase uma ironia sobre a evolução humana em tempos de redes sociais com algoritmos exploratórios ditando regras para humanos que obedecem sem questionar.

O uso da palavra é o grande diferencial para uma IA. E o ânimo da pessoa que pergunta também. Toda vez que fiz trabalhos em grupo com inteligências artificiais ficou claro que altos níveis de curiosidade e o ego sob controle fazem a diferença para o melhor resultado. A comunicação de alto nível depende mais das perguntas que fazemos do que as respostas que obtemos.

Uma ótima pergunta é mais que uma credencial da formação pessoal e intelectual de cada um. Hoje se tornou um diferencial. Ou seja, todas essas 13 mil IA desejam ardentemente que alguém lhes pergunte algo inteligente, pertinente, de alto nível. Vamos precisar de gente qualificada. Interlocução de qualidade. Cada vez mais. Setor de educação? Olha aí a oportunidade. Formação humanística, filosofia, antropologia.

Saber se expressar, saber pedir usando a palavra escrita. Pensar antes. Ouvir mais. Possuir repertório técnico de alguma área vai ser fundamental. A volta das 10 mil horas de Mark Gladwell? Talvez. A virada no problema crônico do etarismo?

Se pedir algo que a IA não entenda, ou se a IA tiver um repertório de palavras mais rico que o seu, e terá, ela se torna uma ferramenta inútil. Pelo menos nas mãos de quem não tem talento ou nível educacional e intelectual para tanto.

As IAs vão evoluir cada vez mais. O ser humano vai precisar fazer uma evolução semelhante.

O verbo, a palavra, é a única maneira de entrar nessa gênese tecnológica, nesse novo mundo das ferramentas supra-humanas que podem dar foco a quem tem muita imaginação, ou imaginação a quem tem muito foco.

O prompt, o pedido, na maioria das vezes começa com a palavra/imagine.

E daí é o velho desafio do papel em branco e da caneta, ou das teclas. A ideia vem primeiro. A inspiração vem antes. O que você pedir, a IA vai te proporcionar. Em escala cada vez mais acelerada na busca pela perfeição de entendimento e resposta.

Criar é o primeiro verbo da Bíblia, no livro de Gênesis. Que tem tudo a ver com/imaginar. “No princípio criou Deus o céu e a terra” E Deus sabia o que pedir. “E disse Deus: se faça a Luz”. Basta pedir direito e criar seu universo.

Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br