A palavra esquisitona no título deste artigo era pra chamar sua atenção. Se você leu esta primeira frase e continua instigado, ela cumpriu seu papel. E o que seria physiverso? Seria o contraponto ao tão falado metaverso. É mais sexy falar de um mundo desconhecido, um universo virtual onde as pessoas poderão se munir de avatares e serem o que quiserem.

Um ambiente projetado para as experiências mais disruptivas e distantes da realidade (ou não). Isso pode ser realmente atraente como potencial de business dentro de um imenso campo a ser explorado. Não à toa, Zuckerberg mudou sua marca corporativa para Meta. É uma aposta num futuro desconhecido.

Depois das perdas de valor dos últimos dias, é natural que ele esteja colocando muitas fichas em algo novo, já que o seu Facebook começa a perder o frescor e nível de atratividade. Com megacofres cheios de recursos, os gigantes do universo digital começam a disputar posição para não perder a liderança nesse movimento que parece inescapável.

Ou seja: o metaverso vem aí mesmo! E é coisa de gente grande. Fico só imaginando o que pode significar, antes de mais nada, ter um espaço de destaque no metaverso. Pensa comigo: se realmente vai haver um mundo paralelo, as empresas, os marketplaces, todo mundo vai precisar “existir” nesse universo. Quem vai criar condomínios, bairros, cidades, países nesse universo virtual? Sim, o seu avatar vai circular por onde?

Como se destacar nesse ambiente dispersivo? Hoje, sem a existência do tal metaverso, já é uma enorme dificuldade você ter um negócio que tenha “presença” na web. Os games já representam um ambiente virtual propício a receber visitantes, que podem apenas jogar ou vivenciar outras experiências, como os shows do Travis Scott acontecendo em data e hora programadas apenas dentro do Fortnite, da Epic Games.

Mas quem serão os empreendedores “imobiliários” do metaverso? Quem criará cidades virtuais, com suas ruas mais movimentadas, seus edifícios mais atraentes, para vender a interessados? Para mim, aí está o filão mais importante do metaverso: as “cidades” planejadas e seus empreendimentos “imobiliários”. Coloco tudo entre aspas porque a forma de se referir a esses ambientes poderá ter outros nomes. Mas que o “endereço” no tal metaverso vai ser importante, isso vai.

Mas, em vez de ficar aqui falando do metaverso, quero tratar do Physiverso. O universo physical! Se o sucesso estrondoso da Magalu apontou o caminho do e-commerce num marketplace virtual como o mais promissor, por que Magazine Luiza continua abrindo muitas lojas físicas em determinados mercados?

Por que a gigante Amazon comprou a rede física da Whole Foods (já faz um bom tempo) e fala agora em ter também lojas físicas Amazon? Por que Apple não abre mão de suas lojas físicas? Por que a Wine, case muito bem-sucedido de clube do vinho, ancorado em bases digitais, parte agora para lojas físicas?

O fenômeno Kavak, de comércio de carros usados; Mobly (e-commerce de móveis) e muitos outros negócios que nasceram puramente digitais, se rendem ao mundo físico, como forma de tangibilizar melhor seus negócios.

Depois de experiências virtuais (impulsionadas pela pandemia), os eventos físicos estão de volta com força. E aí está o ponto: por mais atraente que seja e por maior que seja a capacidade de revolucionar o ambiente virtual, o metaverso conviverá sempre com o physiverso.

Daqui a pouco, veremos muitos filmes e séries na esteira de Matrix, explorando os universos virtuais. Pontos e contrapontos estarão na balança.

Muitos nerds, malsucedidos no ambiente físico, ficarão tentados a viver num mundo unicamente virtual, fazendo seus avatares conviverem com pares descolados, curtindo os ambientes virtuais onde poderão ser quem e o que quiserem.

Mas o mundo bruto e às vezes cruel do physiverso não poderá ser simplesmente apagado. Como conviver com esses universos? Só o tempo dirá.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) - alexis@ampro.com.br