Esqueça a palavra inovação como algo complexo, lento, ameaçador, caro ou sem foco. Sim, a palavra é linda, mas tem sido sinônimo para essas características acima quando alguns têm de colocar a mão na massa.

Se olharmos para dentro de nossos negócios de forma terapêutica, poderemos notar que esses adjetivos, na verdade, classificam nossas empresas. Pois é. Mudar dói, mas a vida vai passando na nossa frente e a gente prefere reclamar a mudar o comportamento.

Trabalho com inovação, criatividade e resultados há muito tempo e sou o cara que olha as verdades corporativas do meu jeito – muitas vezes tido como diferente –, motivo pelo qual, talvez como prêmio, perdi alguns trabalhos e empregos. Nas empresas, o foco é sempre dedicado a um trimestre, semestre ou ano. Estamos sempre à beira do abismo e o senso comum é que o desafio é não cair, quando, na verdade, deveria ser focado em como transpor o abismo.

Nos últimos anos venho trabalhando com inovação aberta para corporações, um segmento transformador e que só cresce. Essas novas estruturas resolvem problemas internos a partir de necessidades ou dores de consumidores, empreendedores ou do mercado. Tenho visto, por exemplo, empresas do segmento de beleza que atraem plataformas ou aplicativos, os quais seriam inviáveis de serem produzidos internamente – pela falta de tempo ou burocracia interna – e são facilmente resolvidos por uma startup. Ganham a empresa, o empreendedor e o cliente.

Mas, então, qual a conexão com o início do artigo? Acompanho a evolução da comunicação e do marketing desde o início da década de noventa e já vi de tudo um pouco. Empresas e agências gigantes aparecerem e sumirem, empresas virarem unicórnios e hoje também não existirem mais. O que a maioria delas tem em comum? O foco nelas mesmas: um produto que apaixona seu fundador, ou presidente, mas que não tem nada a ver com o consumidor ou com as necessidades de compra.

A área de marketing, que deveria ser os olhos, sensações e personalidade dos clientes, acaba tendo que empurrar essas necessidades e metas internas com ideias fofinhas, engraçadas, ou usando a reputação de um terceiro que influencie a compra para quem não quer, não deveria, ou não poderia comprar.

O modelo de negócio das áreas de inovação aberta é diferente. São identificados problemas de público-alvo, mercado ou até mesmo interno. A partir daí, a empresa começa uma busca por empreendedores, pequenos negócios e alternativas para uma solução que seria complexa dentro do mundo corporativo. Daí por diante, são criadas jornadas ou histórias com propósito verdadeiro, colaboração, envolvimento entre pessoas que lutam para colocar seus próprios negócios de pé. É o match perfeito.

Ao fim do projeto, o sonho de todos os profissionais de marketing está realizado: uma história verdadeira, vencedora e com pessoas reais. Basta descortinar a história e a campanha está pronta. Sem necessidades de personalidades emprestadas, promessas mirabolantes e esforço para impor uma mensagem.

Inovar é acreditar, construir junto por um longo tempo, e de fato entregar o que faz sentido para a empresa, empreendedores e para a sociedade. Já pensou em experimentar?

Rodrigo Terra é sócio e co-CEO da Monking