Presidente-executiva da ABA revela a trajetória que trilhou em seus 39 anos de carreira e traz dados do avanço das mulheres no marketing

Mineira de Poços de Caldas, Sandra Martinelli tinha 14 anos quando decidiu ser publicitária e lá se vão 39 anos de carreira. “Eu conheci uma roommate de minha irmã, em Campinas, que fazia publicidade na Unicamp e fiquei encantada com seus livros e sua conversa sobre o curso. Dali exatos três anos eu estava ingressando no 1º ano da faculdade de comunicação social. Depois fiz pós-graduação em propaganda e marketing pela ESPM e MBA pela Dom Cabral”, conta a presidente-executiva da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes).

Há oito anos liderando a entidade, ela começou como trainee na fábrica da Dow Chemical, no Guarujá, e possui 20 anos de trabalho em bancos (Unibanco e Santander) e dez em grandes agências do mercado publicitário. Para a executiva, o mais importante é procurar fazer o que amamos. “Porque só assim, colocando amor em tudo o que fazemos, será genuíno. Construí minha carreira com muito estudo, amor e dedicação, o que me faz ser grata por toda minha jornada não somente por onde estou hoje, mas por cada lugar por onde passei, aprendendo muito e deixando meu legado. E isso é gratificante”, acredita.

Com passagens pela Ogilvy e Grey na área de atendimento, Sandra conta que sua paixão sempre foi lidar com pessoas. “Se eu pudesse definir em poucas palavras minha jornada profissional, diria que ela é pautada na humildade em aprender, em buscar dividir tempo e conhecimento, no amor e compaixão pelas pessoas, no prazer genuíno em desenvolver pessoas, no respeito à diversidade, no relacionamento saudável no ambiente profissional, na parceria com colaboradores, fornecedores, pares e líderes, e tudo isso aliado à proatividade e resultados. Sempre tive um interesse genuíno pelas pessoas e, por isso, sempre trabalhei para me desenvolver e também desenvolver meus times”, diz.

Na ABA, a presidente-executiva afirma que o propósito da entidade é “seguirmos firmes em nossa vocação para o protagonismo colaborativo e entendemos nossa responsabilidade de divulgar e estimular iniciativas inspiradoras para apoiar as lideranças do mercado de mar-
keting para que estejam em constante evolução e atuantes, em prol de uma sociedade mais consciente e responsável, assim como entendemos também a nossa necessidade de evolução constante como entidade”.

Além disso, segundo ela, o desafio de fazer mais com menos, e alcançar melhores resultados, é constante no marketing. “CMOs, líderes e profissionais de marketing vivem com esse desafio diariamente! Por isso que um dos papéis da ABA, como associação que representa os anunciantes, é ser um ambiente de fomento de conteúdo, discussões e debates, que possam orientar esses profissionais em todos esses sentidos, dos desafios às oportunidades”, destaca.

Ganhadora de mais de 200 prêmios ao longo da carreira, Sandra afirma nunca ter sido vítima de preconceito de gênero, mas reconhece que essa jornada não é comum para a maioria das mulheres, principalmente no mercado publicitário.

“Fico feliz em ver o universo feminino traçando caminhos nunca antes explorados, com cada vez mais líderes mulheres alcançando posições que num passado não tão distante não alcançavam. Um estudo da consultoria Spencer Stuart, apresentado o ano passado em um encontro do Clube CMO, iniciativa da Exame com a agência Zmes, apoiada pela ABA, mostrou que as mulheres representam hoje 71% das novas contratações de CMOs e detêm 51% de participação em todo o mercado.  Essa vitória é uma grande conquista para todas as mulheres, profissionais de marketing do nosso país!”.

Mas, apesar de perceber a demanda por mais espaço, voz e representatividade avançando, a executiva ressalta que ainda temos um longo percurso para chegarmos ao estado da arte da equidade. “Exercendo a responsabilidade de gestora da ABA, tenho o compromisso de direcionar a entidade
no apoio a iniciativas em prol da Diversidade, Equidade & Inclusão, desde a contratação de equipes diversas, como também para que a publicidade
se atente às brincadeiras e às práticas machistas, aos estereótipos e aos preconceitos. Marcas que têm mulheres no comando das suas estratégias de mercado mudaram abordagens, renovaram seu olhar e elevaram suas taxas de share e de lucro”, ressalta Sandra.