Ninguém consegue escrever algo genial logo de cara. Nem um livro, nem um roteiro, nem um texto qualquer. Muita coisa suja o papel antes de algo finalmente coerente habitá-lo. Exercícios para aguçar a criação e a criatividade são fundamentais para quem quer chegar a um bom texto final. Inicialmente, eles ajudam a sair da página em branco e, durante o processo, ajudam a dar forma ao conteúdo que está sendo criado. No meu dia a dia, 5 exercícios de criação me ajudam bastante e fazem a diferença no meu processo de escrita e podem te ajudar também. Confira:

1-           A primeira dica para quando for criar é aquecer o cérebro com um exercício que chamo de “textoterapia”, ou então “freestyle”. A atividade compreende colocar no papel absolutamente tudo o que está na cabeça, qualquer coisa é válida, palavras desconexas e sem qualquer sentido. Isso ajudará a esvaziar a mente e torná-la mais focada.

2-           Em seguida, quebre padrões mentais, lute contra o próprio preconceito, crenças e dogmas. Para isso, provoque-se a responder perguntas desafiadoras, como, por exemplo, “Por que é bom: bater na mãe? Atropelar uma criança? e Ser queimado vivo?”. Crie uma frase para cada resposta. No começo é difícil, você julgará as respostas antes mesmo de escrevê-las, mas estar aberto para qualquer coisa que surgir na mente ajuda a quebrar esses padrões que estão internalizados.

3-           Depois, comece várias histórias, mas não continue nenhuma. Coloque umas cinco no papel, analise algumas e posteriormente faça ligações entre elas de forma que os elementos de uma complementem a outra até que você possa chegar a uma única história para dar continuidade. Esse exercício tira o peso de ter que escrever algo genial logo de cara e ajuda a enxergar que o que atrapalha a criatividade é o nosso julgamento.

4-           Após ter algum material escrito e ter escolhido sua sinopse, faça perguntas sobre seu personagem e sobre a história. Quem é seu personagem; o que ele faz da vida; onde vive; como vê o mundo; o que ele quer; por que não consegue o que quer; sobre o que a história fala, onde se passa, quando se passa, por qual período de tempo, quem é o protagonista, entre outras questões. Você não precisa ir direto para a história. Escreva um texto para cada resposta e a partir daí você começa a criar conexões textuais.

5-           Por fim, depois que seus pequenos textos tiverem sido “agrupados” em um material coerente e ganhado novos elementos, podendo finalmente ser considerado uma história, pergunte-se: por que alguém se importaria com isso? Normalmente, a razão para alguém se importar é que a história conta uma verdade universal, fazendo com que as pessoas se identifiquem e gostem dela.

André Castilho é roteirista e CEO da produtora La Casa de la Madre