Somos ansiosos, nós, brasileiros, por natureza, segundo os dados e estatísticas. E muitos, agora, mergulhados na depressão e em decorrência da crise. Assim, nos últimos anos, todos procuraram preservar as aparências. Até onde suportável e possível. Nos primeiros meses muitos chegam a afirmar: “essa crise eu tiro de letra”.

Outros, por razões que até a razão desconhece, vão mais adiante, mesmo antes de enfrentar, já dizem: “já superamos a crise…”. Ou, mais alienados, ainda: “que crise?”.

Os dias, semanas e meses passam, a situação se agrava, as primeiras vítimas não resistem e vão tombando pelo caminho. Sensações de desânimo, de perda de rumo, tonturas, raciocínio embaralhado e, mais cedo ou mais tarde, acabam recorrendo aos socorros e orientação médica.

E assim se passaram três anos. Desde as primeiras manifestações e até agora. E perdemos queridos amigos que não suportaram e deram um fim a tudo. E o que aconteceu de verdade? Onde se encontra a fotografia da dimensão da crise, tirando-se essas poucas e tristes exceções que não resistiram à pressão? Nos remédios. Nos antidepressivos, especialmente, e também nos ansiolíticos.

Mas vamos nos ater aos primeiros. Os antidepressivos. Segundo a “mãe dos burros”, a Wikipédia, são fármacos eficazes para tratar transtornos depressivos… Transtornos de ansiedade, distúrbios de sono e outros problemas de saúde.

No ano em que a crise finca sua marca, 2015, vendeu-se 5,4 milhões de unidades de antidepressivos no primeiro semestre. Em 2016, 5,2 milhões; e, em 2017, 5,4 milhões – tudo no primeiro semestre, de janeiro a junho desses anos.

Primeira reação. Praticamente nenhum acréscimo, se a foto é essa a crise não foi tão grande assim. Do que será que o Madia está falando? Calma. Estou me referindo aos antidepressivos referências, os de marca. Agora vamos dar uma consultada nos genéricos. Foram 11,6 milhões de unidades no primeiro semestre de 2015; 13,6 milhões, em 2016; e, agora, 16,5 milhões no primeiro semestre deste ano.

É essa a verdadeira fotografia. A partir deste segundo semestre a crise vai arrefecendo e já se sente no ar uma suave brisa de recuperação. Que ganhará força em 2018, e recolocará a economia do país em plena atividade a partir de 2019, e anos seguintes. Em meu entendimento, talvez, viveremos, a partir de 2018, os cinco melhores anos de nossas vidas porque, mais que acredito, finalmente, acordamos.

Voltando ao comentário, parcela expressiva dos que mergulharam de cabeça na depressão em função da crise e nos últimos três anos conseguirão superar e voltar a uma situação de normalidade.

Outros tantos, no entanto, carregarão consigo e para sempre o hábito de medicar-se com regularidade.

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde – a depressão afeta hoje 4,4% da população mundial. No Brasil a taxa é de 5,8%. Mas onde os brasileiros são campeões absolutos é nas taxas de ansiedade.

9,3% da população, em menor ou maior intensidade, é ansiosa! Não deixa de ser um tipo de energia. E como, aparentemente, não conseguimos nos livrar dessa característica, que ao menos convertamos a ansiedade numa energia redentora, construtiva e positiva. É do que precisamos; é do que nosso país carece.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)

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