O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu dois processos éticos para julgar a marca de sorvetes Diletto e a fabricante de sucos Do Bem. Ambas são acusadas de infringirem o código que regulamenta a publicidade no Brasil sobre as histórias divulgadas pelas marcas contando suas origens e trajetórias.
O conselho declarou que recebeu a denúncia de uma consumidora, com nome não divulgado, afirmando que as embalagens contêm informações que não são verdadeiras. A denúncia se baseia na reportagem da revista Exame “Toda empresa quer ter uma boa história. Algumas são mentira”. Na reportagem, o storytelling criado para as marcas são desconstruídos, mostrando dados reais sobre as afirmações.
A marca de sorvetes Diletto divulga em sua história que a origem da marca vem do avô de um dos sócios, Leandro Scabin, o italiano Vittorio Scabin, sorveteiro da região de Vêneto, na Itália. As receitas e o “modo de fazer” são agregados a ele, que depois da Segunda Guerra Mundial, se mudou para o Brasil. O carro usado nas embalagens era o veículo que o avô utilizava para vender os sorvetes.
Durante entrevista à revista Exame, no entanto, Scabin relevou que seu avô realmente veio da região de Vêneto, porém se chama Antonio, era paisagista, cuidava dos jardins das casas de famílias ricas em São Paulo e nunca fabricou sorvetes. As fotos e o carrinho utilizado nas embalagens são apenas peças publicitárias.
Depois da ação do Conar, a Diletto divulgou em nota que a comunicação da marca foi desenvolvida para reforçar de forma lúdica seus valores e trabalhou seus ingredientes baseados em fatos reais. Além disso, o personagem Vittorio, fundador da Diletto, é o alterego do Sr. Antonio, avô de Scabin. “Contamos essa história e a tangibilizamos através de um slogan e imagens de cunho publicitário. Não acreditamos que esta prática tenha falsificado nosso DNA”, afirma em nota.
A polêmica envolvendo a marca Do Bem também está no conteúdo disponibilizado na embalagem do suco de laranja da fabricante. No texto, a marca afirma que suas laranjas “fresquinhas” vêm da fazenda do senhor Francesco, do interior de São Paulo. A reportagem da Exame, entretanto, revela que as laranjas são fornecidas por empresas como a Brasil Citrus, que vende produtos para diversas marcas. A Do Bem esclareceu que as laranjas não são fornecidas pela empresa, mas sim processadas (espremidas) por ela.
A Do Bem declarou em nota que traz em sua comunicação pessoas que fizeram parte da trajetória da empresa. Além disso, afirma que com o rápido crescimento da marca, conta com mais de um fornecedor de frutas para suprir a necessidade. Sobre a representação do Conar, a empresa já foi comunicada e já preparou esclarecimento.