A Bodytech Company — dona das redes de academia Body Tech e Fórmula — sempre flertou com o mundo digital, e, em outubro de 2015, decidiu lançar o seu projeto mais inovador na área: o app BTFit, uma plataforma digital voltada para a prática de atividades físicas orientadas. Embora esse tipo de aplicativo não seja novidade, é a primeira vez que uma rede de academias se dedica a um projeto desses, criando uma nova área de negócios.

O principal objetivo do BTFit, segundo Flávia da Justa, diretora de marketing da Bodytech Company, é tirar da inércia pessoas sedentárias, além de auxiliar quem se exercita sem orientação adequada. Ele tem uma área gratuita com aulas coletivas gravadas e renovadas diariamente (Mat Pilates, Abdominal, 20 Minute Workout e Dança), e uma área paga, em que se pode ter um treinamento personalizado por cerca de R$ 15 por mês.

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Em cinco meses, o aplicativo já foi eleito um dos melhores de 2015 pela App Store e se internacionalizou: está presente em outros oito países de língua portuguesa, além de Portugal, sendo que já marca presença em 115 países, onde certamente há brasileiros usando a ferramenta. No Brasil, o app já foi baixado em mais de 100 municípios, especialmente em pequenas cidades, onde não há opções de boas academias de ginástica.

Recentemente, uma nova funcionalidade foi lançada: uma ferramenta de monitoramento da evolução do usuário. O “Meu Perfil” consolida todas as informações de treinos realizados no aplicativo, tanto os feitos com as Aulas Coletivas quanto os do Personal Trainer Online: informações como gasto calórico, tempo de treino, medidas corporais e desempenho nos exercícios, além de calcular indicadores relacionados à saúde, como o Índice de Massa Corporal (IMC), que é utilizado pela Organização Mundial da Saúde para medir a obesidade, e a Relação Cintura Quadril (RCQ), cálculo que indica o risco de doenças cardíacas baseado na concentração de gordura abdominal.

A nova funcionalidade já estreia com os dados dos usuários do BTFit imputados e quem utiliza o app há mais tempo poderá consultar sua evolução desde o início dos treinos.

Um levantamento do Ministério do Esporte divulgado no ano passado mostrou que 45,9% dos brasileiros são sedentários, superando países como Estados Unidos, China e Índia. O principal motivo alegado é a falta de tempo — mencionada por 69,8% dos entrevistados. Outros 3,2% culpam a falta de instalações para treinar e 1,4%, motivos econômicos.

Outro dado que chama a atenção na pesquisa é que 71,7% das pessoas que praticam atividades físicas alegam não receber a orientação de um instrutor. Dados como esse serviram de estímulo à BodyTech para lançar o BTFit. “Já somos um país de obesos, chegamos lá. Mais da metade dos brasileiros já têm excesso de peso”, observa Flávia.

Hoje, as mulheres são a maioria dos usuários (68%) e 36% deles declararam não praticar atividades físicas. No último mês, foram mais de 100 mil aulas coletivas acompanhadas via app, com destaque para a aula de abdominal e o workout de 20 minutos. O aplicativo segue uma filosofia interna da rede de que fitness é entretenimento.

Flávia conta que, até o ano retrasado, mais ou menos, o mercado de apps focava em crescimento. O grande asset era estar na tela do celular do usuário. Era o território a ser conquistado. A partir do ano passado, a ordem passou a ser “engajamento”, especialmente depois da revelação de que, em média, 80% das pessoas que baixam um app simplesmente não o usam. “Hoje, começa a se falar em monetização. É a terceira fase do processo. No nosso caso, ainda estamos na segunda fase. Nosso desafio é crescer e engajar”, diz Flávia. A estratégia foi investir capital próprio para futuramente realizar captação de investimentos. O projeto é visto como uma startup no grupo.

A divulgação tem sido feita em redes sociais, via blogueiras e famosos, que são convidados especiais nas aulas coletivas, por exemplo. O perfil BTFit foi criado há três meses e tem mais de 50 mil usuários. As ações digitais são idealizadas pela agência Quintal, contratada recentemente para cuidar da marca.