Walter Longo deixou a presidência executiva do Grupo Abril, que ocupava desde março de 2016, e passa a atuar como conselheiro ligado a Giancarlo Civita, presidente do Conselho de Administração da AbrilPar, nas áreas de estratégia e inovação. Em seu lugar, assume Arnaldo Figueiredo Tibyriçá, vice-presidente jurídico da Abril há 15 anos. Longo era responsável pelas operações de mídia, gráfica e distribuição.

“Continuo ligado ao Grupo Abril, numa posição de staff e não de linha. Isso muda tudo: muda a qualidade de vida, o nível de responsabilidade, o volume de tempo dedicado. Estou feliz de ter, nos últimos dois anos, feito muito, mas na vida é preciso saber a hora certa de entrar e de sair das coisas. Muitas pessoas erram por não ter a coragem de fazer isso”, disse. 

Alê Oliveira

O PROPMARK apurou que há diversas mudanças para ocorrer daqui para frente na Abril. Um aporte de capital levará a uma série de transformações e ajustes que, possivelmente, precisarão ter à frente um profissional com perfil diferente de Longo. Ele não comenta as informações, e diz ter cumprido sua missão.

O executivo teve inúmeros desafios pela frente, em uma estrutura conservadora, muito grande (com 4 mil funcionários) com obstáculos que, segundo ele, “pareciam intransponíveis no começo”. “Quando entrei na empresa, ainda na época da Dilma Rousseff, desmentimos os que não acreditaram que seguiríamos em frente, e demos razão aos que torciam e tinham fé no nosso futuro. Mais do que capital financeiro, naquela época, a Abril precisava de um capital percentual. De uma visão de que teria futuro e continuidade. Atravessamos uma das fases mais difíceis da história da empresa com coragem e criatividade”, disse Longo.

Sob sua batuta, a empresa lançou produtos, como o GoRead e o GoBox, comprou revistas de volta – como Placar e Você S.A. -, desenvolveu ferramentas para se aproximar do mercado publicitário, investiu em big data – área estratégica para o futuro do Grupo, segundo Longo -, criou e ampliou eventos. A estrutura foi enxugada, níveis hierárquicos foram simplificados e a empresa fez parcerias através do modelo “media for equity”, tornando-se sócia de cerca de oito startups, entre elas, NerdMonster e Guiato. Segundo ele, a empresa mais inventou e inovou do que de fato mudou estruturalmente.

“Fizemos tudo isso com recursos esparsos, mas procurando dar uma demonstração de vigor e entusiasmo, que nos manteve na liderança do setor. Ou seja: apesar da descrença no setor de mídia impressa, Veja alcançou 1,2 milhão de exemplares e se manteve nesse patamar, levamos para o grupo pessoas importantes como a Ana Paula Padrão, para cuidar de Claudia. A mudança constante deve continuar, espero, pois o setor de mídia é cada vez mais desafiador e vai exigir de cada um dos colaboradores, profissionais e sócios uma revisão total de paradigmas e conceitos. Preferi sair porque é bom mudar o comando. As pessoas fazem diferença por um tempo”, conclui.

Com mais “perfil de startup”, Longo afirma que não tem o perfil para promover transformações estruturais mais robustas na nova fase da Abril que começa, e nem gostaria de permanecer por mais dois anos no ritmo que manteve ao longo dos últimos dois. Fala que, daqui para frente, vai participar de outros conselhos de empresas, dar palestras, investir na sua empresa de mentoria – Unimark – e esquiar em janeiro de 2018, algo que não faz com a devida calma há tempo. “Neste momento, quero uma vida com mais liberdade. Torço pela Abril e estarei sempre à disposição para colaborar no que for preciso, especialmente porque muitos acordos e parcerias que fiz estão em andamento. Trabalhar com Roberto Civita por 20 anos e mais recentemente com o Giancarlo foi um privilégio”.

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