Vencedora do prêmio de Agência do Ano no último Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, a R/GA Nova York se consolidou na indústria publicitária com o status que toda agência gostaria de ter no momento. Conceitos como “disrupção” e “inovação”, que hoje estão na moda e são repetidos incessantemente em seminários, parece que no momento colam melhor na R/GA do que em outras redes.

Alê Oliveira

Ao lado do fundador e chairman Bob Greenberg, um dos responsáveis por esse reconhecimento é Nick Law. Recém-promovido ao cargo de vice-chairman, título que ele mesmo trata apenas como uma denominação que não altera substancialmente a rotina do trabalho que já desempenhava como CCO, o australiano é visto como a mente criativa que ajudou a R/GA a se diferenciar no mercado com o desenvolvimento de projetos e campanhas que fazem questão de não serem notadas como propaganda.

Em entrevista exclusiva ao PROPMARK durante passagem pelo Brasil, na semana passada, Law sugeriu que as marcas repensem o modelo de publicidade tradicional e comecem a interagir com o público de uma maneira mais eficaz e adaptada aos novos tempos. “Histórias são mais atraentes do que a publicidade convencional”.

Perguntado sobre a possibilidade de fazer uma comunicação inovadora em um país em que 70% da verba publicitária é direcionada a inserções de comerciais na TV, Law afirma que é preciso confrontar o modelo e é possível desenvolver ações em que a televisão seja uma mídia secundária.

“Pelo que conheço do país, até as pessoas que moram nas favelas possuem smartphones. O celular é, sem dúvida, o aparelho em que elas mais consomem conteúdo. As pessoas hoje estão passando mais tempo com o smartphone do que vendo a TV. Portanto, é absolutamente possível atingir o grande público com uma ideia que conceba o celular como primeira tela e a TV seja a segunda”.

Law, que começou a carreira em Sidney, como designer, e trabalhou como diretor de arte antes de, finalmente, mergulhar no universo digital, acredita que um bom storytelling em conjunto com soluções tecnológicas engaja mais e, consequentemente, gera mais resultados comerciais para as marcas, que ao adotar essa nova cultura tendem a agir menos como marcas e passarão a oferecer algo mais do que simples propaganda para os consumidores.

Divulgação

Um dos exemplos que retratam o pensamento de Law é o projeto Love has No Labels, criado pela R/GA em parceria com o Ad Council, ONG que utiliza a comunicação como meio para transmitir mensagens que melhoram a convivência da sociedade. A agência criou um vídeo que mostra pessoas atrás de um grande painel de raio-x que permite observar os movimentos dos esqueletos.

Enquanto um casal se beija, a plateia que acompanha a ação ao vivo e mesmo o visualizador do vídeo não sabe que se trata de duas mulheres, até que elas saiam detrás da instalação e mostrem seus rostos. Em seguida, o painel apresenta a mensagem “O amor não possui rótulos”.  A ação, que tem como objetivo quebrar preconceitos baseados no que as pessoas veem e não no que sentem, foi visto mais de 160 milhões de vezes, mais do que qualquer comercial veiculado na TV fora do Super Bowl.