Desejado por alguns, temido por outros, o botão ‘Descurtir’ do Facebook, há algumas semanas, entrou finalmente na pauta de Mark Zuckerberg, fundador da rede. E as especulações sobre como será essa nova ferramenta, que faz justamente o oposto do prestigiado e desejado ‘Curtir’, já está dividindo opiniões quando o assunto são as fanpages, destinadas às marcas e personalidades.

Reprodução/Facebook

O assunto é delicado ao se tratar de aprovação dos usuários na rede. Enquanto uns acreditam que essa é uma oportunidade dos anunciantes sentirem o retorno direto daquilo que agrada ou não ao seu target, outros pensam que um botão de reprovação pode gerar crises de imagem. Além disso, com o anúncio feito pelo Facebook, de que ainda estão estudando uma forma de aplicar a ferramenta, as suposições também cercam o formato dessa ferramenta, que pode não ser, propriamente dita, um botão ‘Descurtir’.

As consequências dessa desaprovação podem ser sentimentais, explica Alessandro Visconde, CEO da iFriut. “A rejeição gerada pode incitar algum tipo de abordagem negativa e afastar usuários da mídia. As marcas também podem fugir da rede, podendo se transformar em uma redução da receita”. Visconde também aposta em outro formato. “O que vem por aí é algo que vai significar solidariedade pela postagem de um momento difícil e que não merecia um ‘curtir’. Não acho que vai ter esse nome, mas vai ser algo do momento, que depende da situação”.

A manifestação de outros sentimentos em relação às publicações da rede também é a aposta de Antonio Mafra, sócio-diretor da Cyrk. “Já é possível denunciar uma publicação considerada inadequada ou não receber mais notícias de usuários ou marcas. Essa já é uma reação negativa, mas não acredito que a ferramenta vai ser o botão com o polegar para baixo. Há situações em que você não quer curtir, mas quer manifestar algum tipo de reação sobre aquele assunto”.

Por outro lado, Vitor Horvath, diretor de planejamento da Agência Firma, vê pontos positivos na possível criação do botão ‘Descurtir’. Para ele, essa medição pode oferecer maior assertividade para as marcas. “Elas vão conseguir identificar com mais facilidade quais são as campanhas que tiveram feedback positivo ou negativo. Também irão conseguir diferenciar a falta de interação que eles tinham nas postagens, sabendo o que era indiferença e o que era falta de identificação do conteúdo. Quando o usuário deixa de curtir um conteúdo, você não sabe se ele não prestou atenção ou não gostou”.

Conteúdo

A importância de compartilhar conteúdos de qualidade nas redes foi unânime para os três profissionais. A responsabilidade de expressar os valores das marcas via redes sociais deve ser levada a sério pelas empresas. O poder de rejeitar determinadas publicações podem gerar ondas negativas para a página dos anunciantes, afetando diretamente na imagem das companhias.

O Facebook passou por um amadurecimento. No começo, as marcas queriam maior número de fãs, hoje elas já percebem que atingir públicos estratégicos com conteúdos diretos é mais eficiente, afirma Mafra. “É preciso ter aderência e a quantidade deixa de fazer sentido. O maior desafio das marcas é serem lembradas por estarem presentes nos momentos em que o usuário precisa ou dá uma busca no Google atrás de uma solução”. É por esse motivo, segundo Mafra, que a relevância dos conteúdos é vital para a sua repercussão na rede. “Se ganharmos um botão descurtir, não vamos mudar a maneira como vamos comprar mídia, mas vamos mudar o que será dito e para quem direcionaremos isso”.

Esse novo termômetro pode, também, mudar a curadoria dos assuntos escolhidos pelos gestores de marketing. Visconde aposta no maior critério dos usuários para as postagens e soluções mais eficazes para as atividades nas páginas. “Será importante um cuidado especial com os comentários, que deverão ser respondidos prontamente, defendendo seus interesses e princípios. O botão ‘descurtir’ pode expor os extremos”, comenta.

“O Facebook tem certa tendência para entrar no comodismo, mas lança novidades como uma maneira de se reinventar. A novidade do momento, o Snapchat, pode ser uma porta para as marcas, mas ainda precisa cair no gosto popular, que está aprendendo a usá-lo. Ele vai ter o seu momento e vai ser rápido. O importante é sempre pensar em diversas formas de gerar engajamento, independente da mídia utilizada”, finaliza Visconde.