No último mês, vários assinantes se surpreenderam com o anúncio do rompimento da Walt Disney Co. com a plataforma de streaming Netflix. Eu, para ser sincero, não fiquei tão espantado com a notícia, afinal, estamos falando de um dos maiores produtores de conteúdo do planeta e eu acreditava que era só uma questão de tempo até que a Disney criasse o seu próprio canal de distribuição na internet.

Este anúncio saiu mais ou menos na mesma época em que o Facebook, a maior rede social do mundo, declarou que também lançará a sua própria plataforma de streaming, o Watch. A Amazon já criou o próprio serviço on demand, o Amazon Prime, e a Rede Globo, um dos maiores grupos de comunicação no Brasil, investe cada dia mais no Globo Play com conteúdos que vão além dos tradicionais, produzindo, também, séries exclusivas para a internet.

Todo esse movimento em prol do streaming não é fruto de coincidência ou moda, mas, sim, baseado em números de mercado e comportamento do consumidor. De acordo com a Cisco, empresa especializada em analisar como as pessoas se conectam, até 2020, 80% do tráfego da internet será por meio de vídeos online e o número de assinantes da Netflix já superou o de TV à Cabo, nos Estados Unidos. Estamos falando, portanto, de um público que está mais interessado em consumir conteúdo sob demanda e está disposto a pagar por isso.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Nielsen, empresa especializada em pesquisas de mercado, no início de julho, o principal público consumidor de serviços de streaming – aí incluo o de audiovisual e o de música, como o Spotify – está inclinado a pagar por mais de um serviço, desde que ele atenda às expectativas. E a partir do momento que esses grandes produtores concentram a distribuição nas suas mãos, eles passam a ter acesso a um fator diferencial, que são os dados de navegação dos usuários.

Conhecer e entender o perfil de quem está consumindo o seu conteúdo é fundamental para produzir materiais sempre relevantes e que fazem cada vez mais sentido para a audiência, além de facilitar as estratégias de promoção, atração e retenção de assinantes. Essa é uma barreira que, ao distribuir o conteúdo por conta própria, o produtor acaba derrubando.

E engana-se quem pensa que a venda e a distribuição de conteúdos via streaming deve ficar na mão somente de alguns grandes produtores, como a Disney ou a Fox. Como eu já falei por aqui, os negócios que atendem nicho específico estão se tornando essenciais para atender um público com necessidades singulares e, por isso, novos conteudistas têm se destacado na produção de vídeos.

Além disso, a facilidade de ter uma tecnologia de ponta, com um preço acessível e que ofereça dados de consumo e de navegação foi um diferencial para que esse produtor passasse a apostar na venda de conteúdo na internet. Exemplos disso não faltam, como é o caso do Horse Brasil, um canal especializado em conteúdos relacionados ao universo dos equinos, e do FisioPlay, que vende vídeos sobre fisioterapia por meio de uma assinatura.

Ambos são canais que vendem um conteúdo bem especializado e, a cada dia que passa, tem mais e mais pessoas interessadas em consumir este material. A verdade é que há uma lacuna a ser preenchida no mercado de streaming e resta saber quem vai sair na frente. Espero que seja você.

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech.