A inclusão de gênero e diversidade na propaganda – tema que vem ganhando cada vez mais a atenção do mercado, embora ainda desafiador – também foi assunto para debate no Festival do Clube de Criação 2016, realizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

André Fischer, fundador do Mix Brasil, festival de Cultura e de Diversidade, foi o mediador do encontro que reuniu Marcos Medeiros, CCO da CP+B, Assucena, vocalista da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, André Lopes, diretor de Marca da Ben&Jerry’s, Denise Gallo, diretora de Criação da DPZ&T, e Isabel Clavelin, da Onu Mulheres.

Com o tema empoderamento em alta, muitos anunciantes passaram a adotar discursos a favor da diversidade e inclusão na propaganda. O que se observa, entretanto, é o propósito das marcas. O ponto central de debate, portanto, foi se as ações pautadas na igualdade fazem parte da cultura da empresa ou apenas pegam carona no momento.

André Lopes usou como exemplo um episódio ocorrido logo na chegada da Bem&Jerry’s ao Brasil. A empresa, que sempre apoiou o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, inclusive com uma política interna sobre o tema para atender aos funcionários que optam pela união, foi procurada por um cliente brasileiro que queria se casar com o namorado em uma sorveteria da marca.

“Nosso questionamento nunca foi ‘será?’, mas sim ‘como e onde vamos fazer?’. Isso é da marca. E apoiamos também outras causas, é algo muito verdadeiro”, comentou Lopes.

Do lado das agências, Marcos Medeiros defende um olhar mais atento para a sociedade. “É preciso olhar o que está acontecendo e ser o mais fiel possível a isso. No fim do dia, é isso que vai gerar conversas e fazer com que as pessoas se identifiquem com as marcas”, disse.

O executivo da CP+B também ressaltou a importância do propósito. “O casamento em Ben&Jerry’s é um exemplo maravilhoso de marca que sabe porquê existe. Não foi algo comercial, foi o ‘porquê eu existo’”, destacou. 

Mulher

Isabel Clavelin lembrou que a Ong Mulheres tem como parceira a Heads Propaganda, agência que encabeça um movimento de empoderamento da mulher dentro da publicidade. Ela acredita que o tema igualdade de gênero precisa ganhar mais espaço e ser discutido de forma mais ampla na comunicação, sob o viés da diversidade. “Todas as mulheres têm direito de ser representadas. Eu sou uma mulher negra. Não posso falar pela mulher índia, lésbica, enfim. Todas devem ter espaço”, exemplificou