Alê Oliveira

O  ex-presidente da República Lula da Silva recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, oferecendo denúncia contra o Estado brasileiro, na pessoa do juiz de Direito da Justiça Federal, Sergio Moro, alegando abuso de poder, inclusive por parte de procuradores da Lava Jato.

Seus advogados, sendo um deles de renome internacional, alegam, entre outros argumentos, o da falta de imparcialidade nos trabalhos de investigação.

Seria cômico se não fosse trágico. O que Lula deseja é permanecer sob os holofotes da mídia, além de confundir parte da opinião pública brasileira a seu respeito.

Se realmente quisesse o bem do Brasil e dos brasileiros, como alega, daria um tempo na sua descendente carreira política, possibilitando ao país condições melhores para se reerguer do estrago causado à economia nos últimos 13 anos, sendo sua obra nefasta concluída de forma “exemplar” pela sucessora Dilma Rousseff, cujo impeachment parece-nos inevitável.

Seu partido político deveria repensar sobre a impropriedade de centrar-se em apenas um nome para as eleições de 2018. A instituição tem a obrigação de ser plural e não individual.

Mas o que realmente motiva Lula da Silva é a aproximação da sua prisão, a ser decretada exatamente pelo juiz que com frequência nas últimas semanas procura desqualificar.

O ciclo de Lula já passou e ele precisa se convencer disso, facilitando a diminuição da crise político-econômica que nos assola, embora já com melhores perspectivas de retomada, apesar da sua falta de contribuição para isso.

Lula deveria seguir os exemplos recentes de duas mulheres de coragem, como Marta Suplicy, uma das fundadoras do seu partido, que saiu por não concordar com o rumo que tomou.

Marta, em artigo na Folha desta sexta (29), pede desculpas ao povo de São Paulo por grave erro cometido quando prefeita, instituindo a taxa do lixo, que lhe proporcionou o apelido de “martaxa”. Seu texto merece elogios pela postura do mea culpa, mesmo que dele se aproveite para expor o lado qualificado da sua personalidade.

Um pedido de desculpas de forma pública, como o de Marta,  levando-se em conta a sua rigidez nesse aspecto, é sempre bem-vindo.

A segunda mulher a merecer nossa citação é a goleira da seleção olímpica de futebol dos Estados Unidos, que, em declarações à nossa imprensa e à imprensa internacional na sua chegada ao Brasil, pediu desculpas pelas críticas ao nosso país em razão do zika vírus.

A bela Hope Solo retratou-se, elogiando a hospitalidade que tem recebido dos brasileiros e a beleza de terra que é o nosso país.

Lula, faça o mesmo, peça desculpas ao povo brasileiro e você terá de volta mais benefícios do que prejuízos à sua reconhecida imagem de homem público.

 

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A Vivo, empresa do Grupo Telefônica, deve uma satisfação ao mercado.

A história de um desvio de algo em torno de R$ 27 milhões do seu caixa, através de notas fiscais superfaturadas de produção de vídeos publicitários, precisa ser melhor explicada. 

Não pode e não deve ser mais uma das outras histórias semelhantes, envolvendo outros personagens, cujos responsáveis (autores e/ou vítimas) jogam com a tese do esquecimento, na certeza de que a curta memória popular acabará por enterrar o assunto.

Se o Brasil está de fato mudando nesse aspecto, em busca de uma higienização nos negócios públicos e privados, cabe aos players do mercado, com predominância do publicitário dada a sua relevância por lidar com todos os segmentos da economia e, por que não lembrar, também devido a alguns envolvimentos, felizmente de uma pequena parte das pessoas jurídicas que o constituem, valorizar e contribuir na luta pela moralidade.

As três grandes agências citadas no “imbróglio” (Africa, DPZ&T e Y&R) também deveriam dar a sua versão, ainda que fosse uma simples nota negando qualquer envolvimento no episódio.

Não há que se falar em assunto de interesse exclusivamente interno de cada pessoa jurídica citada no noticiário a respeito. Uma vez feita a divulgação, o fato, verdadeiro ou falso, torna-se de domínio público, passando este a merecer uma satisfação das partes.

Deixamos propositalmente de mencionar as pessoas físicas também envolvidas no noticiário, em respeito às suas imagens. Uma pessoa jurídica inocente safa-se de qualquer acusação na maioria das vezes com um simples comunicado ao público.

Uma pessoa física nas mesmas condições, mesmo demonstrando publicamente sua inocência, ficará por um bom tempo marcada, atingindo inclusive seus familiares mais próximos.

Nota da Redação: Este editorial já havia sido escrito quando foi recebido no final do fechamento desta edição, um posicionamento das agências Africa, DPZ&T e Y&R sobre a Vivo. Leia aqui.

 

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A atual campanha do Grupo Band de Comunicação, valorizando a atividade publicitária, é um elogioso contraponto ocasional a esses episódios que, embora esporádicos, põem em dúvida a lisura do negócio publicitário.

Nas suas plataformas de mídia, o Grupo Band demonstra à população a importância do ferramental da propaganda, valorizando a liberdade de escolha e o alargamento por ele proporcionado ao raciocínio da opinião brasileira em relação à importância da comunicação comercial.

A propaganda faz mais pela sociedade brasileira do que esta imagina.

 

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Está para sair um livro contando a história da agência Contemporânea, uma das mais criativas do mercado brasileiro dos anos 1980 e 1990, com grandes campanhas seguidamente premiadas no Brasil e no exterior.

O livro tem como autores seus então sócios-fundadores e encontra-se agora em fase de finalização com Mauro Matos, com a responsabilidade inclusive de proceder a uma revisão final no texto da obra.

Como ocorreu com a sua personagem principal, o livro vai fazer sucesso.

 

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Imperdível a exposição Olimpíadas 2016, de José Zaragoza, um dos fundadores da DPZ (hoje DPZ&T), cuja abertura ocorrerá nesta terça (2), a partir das 19h, na Galeria Canvas (Avenida Europa, 715, em São Paulo).

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda