Alê Oliveira

1. Minimamente conformada com a paralisia do governo federal em face da grave crise econômica que nos assola, a iniciativa privada, rindo embora desconsolada com o teor da última Carta do PT (que não abandona a impossível fantasia de se fazer de vítima), dá os primeiros passos para sair da letargia em que se encontra, embora não por sua culpa.

Diante das notícias nada animadoras dos jornais (“Venda de combustíveis caiu 8% do 3º trimestre”, Estadão, 13/11; “Ambiente econômico é pior desde 1989”, Estadão, 13/11; “Confecções demitem 38,7 mil funcionários”, Folha, 13/11; “Comércio de cimento deve ter queda de 10% em 2016”, Folha, 13/11; “Vendas do varejo caem pelo oitavo mês seguido”, Estadão, 13/11), a iniciativa privada – acreditando nas palavras de Bill Clinton de que “o navio do Brasil não está afundando” (Estadão, 13/11) – decide ser a protagonista do que deveria no momento atual pertencer aos que nos governam.

Mas estes estão preocupados em manter os seus cargos e privilégios deles decorrentes, com pouco tempo, portanto, para exercerem as verdadeiras funções para as quais foram eleitos ou nomeados.

Como o país é pródigo na sua iniciativa privada, desde os grandes conglomerados até os pequenos negócios de comerciantes de bairros, sem falar nas pessoas físicas que se lançam em voo solo ao pequeno comércio estabelecido ao ar livre em ruas, avenidas e praças públicas das principais cidades do Brasil, o jeito é estimular essa gente do trabalho a fazer o que sempre se dispõe a fazer, com crise ou sem crise: empreender, lutar, vencer os desafios e criar oportunidades, apesar de tudo e principalmente da omissão de um governo incapaz de gerir o país (eles foram feitos para ficar na oposição atacando quem faz; quando viram governo, não sabem o que e como fazer para exercitar suas funções. Daí, inclusive, o absurdo que assistimos de facções oficiais se transformarem em oposição ao próprio governo ao qual pertencem).

2. A iniciativa privada, que os países mais avançados incentivam e veneram, começa então a se mover, não lhe restando alternativa. Há nela uma clara tendência em se descolar da política e seguir o destino ao qual se propôs, mesmo com todos os sobressaltos que os governantes de plantão impõem ao seu dia a dia.

Por essa razão – e só por essa – acreditamos que o novo ano que está chegando será um pouco melhor do que este terrível e já inesquecível 2015.

Assim sendo, merecem aplausos e apoios iniciativas como a da Fiesp, com a sua campanha publicitária em veiculação nos últimos dias, provocando e com isso visando estimular as exportações brasileiras.

O anúncio de página que saiu nos jornais da última sexta (13) é uma descrição do estado calamitoso em que fomos metidos no tocante às nossas exportações. Ao narrar que “os Estados Unidos vão exportar para o Vietnã, que vai exportar para a Austrália etc.”, findando com a “Malásia, que vai exportar para os Estados Unidos”, o copy põe o dedo na ferida ideológica que nos assola, em que o apoio às nações que teimam em trilhar (por interesse dos seus governantes) o caminho ultrapassado de um socialismo que não podendo melhorar todos de vida, nivela-os piorando, é inútil, desnecessário e prejudicial ao nosso povo.

Muito provavelmente através da iniciativa privada, o Brasil acabará por se livrar dessa crise que vem nos infelicitando e para os governantes é impercebível, porque as suas vidas particulares só melhoram com ela.

3. Um bom registro para o Santander, com a sua campanha “gerente é gente como você”, que ao prestigiar sua grande equipe de gerentes, inclusive com fotos dos mesmos na dupla de jornal e revistas, reinicia uma ação para ser entendido como uma boa opção no segmento privado da atividade, para se contrapor à dobradinha Itaú/Bradesco.

A agência do Santander é a Talent Marcel.

4. O júri formado por integrantes da Academia Brasileira de Marketing, que escolheu os cases vencedores do Marketing Best 2015, elegeu Paulo Giovanni, chairman da Publicis Worldwide no Brasil, o Marketing Citizen deste ano.

Segundo a ideologia do marketing nos países onde essa escolha é realizada, trata-se do empresário ou executivo que, pela qualidade da sua atuação e excelência de desempenho, converte-se em exemplo a ser reverenciado e reconhecido por todos os demais empresários e profissionais de marketing do país.

5. Francisco Madia de Souza, presidente da Academia Brasileira de Marketing e nosso mais antigo colaborador, comenta sobre o anúncio da sua empresa, a Madiamundomarketing, publicado na imprensa do trade: “Pela primeira vez, em 35 anos, recorremos a uma palavra de mau gosto como título de um de nossos anúncios. Assim, e antecipadamente, nossas desculpas. Mas, fazia-se necessário. No mês de outubro fomos procurados por mais de uma dezena de empresas startups. E em todas as mesmas características: paixão cega, encantamento pelo produto/serviço, numa fatal e trágica mistura de ‘wishfull thinking’, voluntarismo, autoengano, açodamento. Em nenhum momento, um único que fosse, lembraram-se de, como disse certa vez Mané Garrincha para o técnico Vicente Feola, ‘perguntar para os russos’. Ir ao mercado e checar, de verdade, sobre a eventual consistência e relevância do projeto junto a prováveis suspects e prospects”.

N. do R.: O anúncio ao qual se refere o Francisco Madia tem por título “Vai dar merda!”.

6. Já é grande a expectativa no mercado pelo lançamento, dia 7/12, do propmark em novo formato (tabloide), impressão em papel couchê e totalmente redesenhado graficamente por Sergio Gordilho e sua equipe de criação da agência Africa. Detalhe: a Referência adquiriu e importou da Alemanha uma impressora Heidelberg Speedmaster especialmente para esse novo projeto.

Mais uma contribuição da livre iniciativa ao mercado brasileiro da comunicação do marketing. Mais um esforço do empreendedorismo, apostando no país em um momento em que muitos descreem e outros se aproveitam do caos para suas imundas pilhagens.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o propmark e as revistas Marketing e Propaganda